O Papa Leão XIV disse no domingo 18 de maio, desejar uma Igreja “unida” para responder aos desafios colocados pelas desigualdades e os conflitos que marcam a humanidade.
“No nosso tempo, ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma económico que explora os recursos da terra e marginaliza os mais pobres” disse, na homilia da Missa que marca o início oficial do seu ministério petrino.
“Nós queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade”, acrescentou Leão XIV, eleito a 8 de maio.
O novo pontífice chegou à Praça de São Pedro em papamóvel, tendo passado durante largos minutos entre a multidão, que o saudou com aplausos e gritos de “Papa Leone”.
Após ter recebido o pálio papal e o anel do pescador, símbolos da autoridade do Bispo de Roma em toda a Igreja Católica, o primeiro Papa nascido nos Estados Unidos da América recordou os tempos “particularmente intensos” vividos pela Igreja Católica desde o falecimento do seu antecessor, Francisco, a 21 de abril.
“A morte do Papa Francisco encheu os nossos corações de tristeza”, assinalou, evocando também a última bênção do pontífice argentino, “precisamente no dia de Páscoa [20 de abril]”.
A intervenção abordou ainda o Conclave que decorreu entre 7 e 8 de maio, com cardeais dos cinco continentes, apontando a missão de “eleger o novo sucessor de Pedro, o bispo de Roma, um pastor capaz de guardar o rico património da fé cristã e, ao mesmo tempo, de olhar para longe, para ir ao encontro das interrogações, das inquietações e dos desafios de hoje”.
“Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vós como um irmão que deseja fazer-se servo da vossa fé e da vossa alegria, percorrendo convosco o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família”.
Leão XIV declarou que a missão de Pedro, o primeiro Papa da Igreja Católica, teve como dimensões fundamentais “o amor e a unidade”, assumindo o desafio de “navegar no mar da vida para que todos se possam reencontrar no abraço de Deus”.
“Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: Olhai para Cristo! Aproximai-vos dele! Acolhei a sua palavra que ilumina e consola! Escutai a sua proposta de amor para vos tornardes a sua única família. No único Cristo somos um”, acrescentou, citando o seu lema episcopal.
Numa reflexão sobre a própria missão, Leão XIV sustentou que “Pedro [o Papa] deve apascentar o rebanho sem nunca ceder à tentação de ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas”.
Perante representações de várias Igrejas cristãs e outras religiões, o Papa assumiu a intenção de trabalhar em conjunto, também junto de “quem cultiva a inquietação da busca de Deus, com todas as mulheres e todos os homens de boa vontade – para construir um mundo novo onde reine a paz”, numa das passagens sublinhadas pelas palmas dos participantes.
“Somos chamados a oferecer a todos o amor de Deus, para que se realize aquela unidade que não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo”, assinalou.
Leão XIV convidou as comunidades católicas a viver a “hora do amor”, para uma “Igreja fundada no amor de Deus e sinal de unidade, uma Igreja missionária, que abre os braços ao mundo, que anuncia a Palavra, que se deixa inquietar pela história e que se torna fermento de concórdia para a humanidade”.
Fotografia: Vatican Media