No dia 15 de maio, a Igreja celebra o Bem-Aventurado Frei Gil de Santarém, ainda que pouco conhecido entre nós, com carinho, é chamado de São Frei Gil.
Apesar de ser um santo da cidade de Santarém, S. Frei Gil, é para muitos figura desconhecida. Personagem de vulto que se distinguiu na medievalidade, como cabeça provincial dominicana na Península Ibérica, pelos seus estudos na área da medicina e fama de milagres, é alguém que importa conhecer e dar a conhecer.
Segundo fontes, Vouzela viu-o nascer, deu o seu nome a uma rua, construiu-lhe uma capela onde guardou a sua relíquia e consagrou-lhe o feriado municipal, a 14 de maio, efeméride que assinala a data da sua morte, corria o ano de 1265.
Gil Rodrigues de Valadares, – assim se chamava São Frei Gil -, nasceu em Vouzela, supostamente na Quinta (casa) da Cavalaria (atual edifício da Santa Casa da Misericórdia local), filho da alta nobreza, entre 1185 e 1190, e faleceu em Santarém, com perto de 80 anos, local onde passou grande parte da sua vida.
Nasceu quando os seus pais já tinham idade avançada, tinha três irmãos mais velhos e era uma criança afável, generosa e de rigorosa educação.
Sobre ele abundam histórias e lendas que chegaram aos nossos dias através de tradições orais, documentos eclesiásticos e mesmo obras literárias de diversos autores consagrados como Eça de Queirós, João Grave ou Teófilo Braga.
Se por um lado, na juventude, Gil Rodrigues de Valadares era um jovem brilhante, curioso e vigoroso, que estudou línguas e filosofia em Coimbra e que viajou para Paris, onde se tornou num notável académico e num boémio sem regras; por outro, algo de profundo e transformador aconteceu na sua vida pois, na idade adulta, alcançou fama de santo, converteu-se a Cristo e foi um devotado teólogo, um fervoroso pregador e sacerdote nas terras do Ribatejo.
Frei Gil recebeu, segundo escritos, a sua educação religiosa e intelectual no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, a primeira escola de estudos superiores em Portugal, e doutorou-se posteriormente em Teologia na Universidade de Paris. Depois de se dedicar ao estudo da filosofia e da medicina em Coimbra, partiu para Paris. Ao deixar a pátria, cerca de 1225, tinha já alguns benefícios e prebendas eclesiásticos e, quiçá, a dignidade de presbítero. Foi duas vezes eleito provincial da sua ordem dos pregadores (dominicanos) em Castela.
Foi designado prior provincial da sua Ordem para as Espanhas em 1233, tendo defendido no Capítulo da Ordem na cidade castelhana de Burgos a instalação de um convento na cidade do Porto. Em 1238 participou no Capítulo geral da Ordem, na cidade italiana de Bolonha, em que saiu eleito Mestre Geral o futuro São Raimundo de Penaforte. Foi eleito pela segunda vez como Provincial em 1257.
Morreu em Santarém, em 1265, e os seus restos mortais foram colocados numa humilde sepultura monástica, até que seis anos mais tarde, D. Joana Dias, senhora de Atouguia, sua parente, custeou as despesas dum melhor túmulo numa das capelas do convento dominicano de Santarém.
A sua fama de santidade, a importância dos seus ensinamentos foi muita, mas a sua figura e escritos caiu de alguma forma em esquecimento. Foi mais tarde recuperado, tal forma veio a ser beatificado pelo Papa Bento XIV por volta de 1748, por conta da sua obra de vida e teológica.
A Missa neste dia 15 de maio, será celebrada na Sé de Santarém onde estão relíquias de São Frei Gil, às 19h, presidida pelo nosso Bispo D. José Traquina, que convoca a Diocese para este momento com o intuito de dar a conhecer este santo que escolheu Santarém para viver.
Neste ano jubilar, está previsto um concerto em honra de São Frei Gil de Santarém, na Catedral, no sábado 17 de maio, pelas 21:30h. Estarão presentes os coros da Capella Patriarchal e de São Vicente, com o organista João Vaz.