Missa exequial do Papa Francisco

“Foi um Papa no meio do povo, com um coração aberto a todos. Foi também um Papa atento àquilo que de novo estava a surgir na sociedade e àquilo que o Espírito Santo estava a suscitar na Igreja”, referiu o cardeal decano, D. Giovanni Battista Re, na homilia da celebração, que decorreu na Praça de São Pedro.

Francisco faleceu na segunda-feira 21 de abril, aos 88 anos de idade e após mais de 12 anos de pontificado, na sequência de um AVC, quando se encontrava em convalescença na Casa de Santa Marta, no Vaticano.

A “Missa exequial pelo Romano Pontífice Francisco” é concelebrada pelos cardeais e patriarcas das Igrejas Orientais Católicas.

O corpo do Papa foi colocado diante do altar, após ser transportado desde o interior da Basílica de São Pedro, antes da Missa, enquanto os sinos dobravam; D. Diego Ravelli, mestre das celebrações litúrgicas, depositou o livro dos Evangelhos, aberto, sobre o caixão.

O momento foi sublinhado com uma salva de palmas pela multidão que preenche a Praça de São Pedro.

O decano do Colégio Cardinalício disse que os participantes se apresentavam, no Vaticano, “com o coração triste, mas sustentados pelas certezas da fé”.

“A manifestação popular de afeto e adesão, a que assistimos nos últimos dias, após a sua passagem desta terra para a eternidade, mostram-nos quanto o intenso pontificado do Papa Francisco tocou mentes e corações”, realçou.

A homilia destacou o percurso de Jorge Mario Bergoglio, como jesuíta e arcebispo de Buenos Aires, e o momento em que foi eleito como sucessor de Bento XVI, a 13 de março de 2013, assumindo o inédito nome de Francisco.

“A decisão de adotar o nome Francisco manifestou-se logo como a escolha do programa e do estilo em que queria basear o seu pontificado, procurando inspirar-se no espírito de São Francisco de Assis”, realçou o decano do Colégio Cardinalício.

O cardeal Battista Re evocou o “carisma de acolhimento e de escuta” do falecido Papa, que “tocou os corações, procurando despertar energias morais e espirituais”.

“Perante o eclodir de tantas guerras nos últimos anos, com horrores desumanos e inúmeras mortes e destruições, o Papa Francisco levantou incessantemente a sua voz implorando a paz e convidando à sensatez, a uma negociação honesta para encontrar soluções possíveis, porque a guerra – dizia ele – é apenas morte de pessoas e destruição de casas, hospitais e escolas”, acrescentou.

Quanto à vida interna da Igreja, o presidente da celebração destacou que o pontífice argentino “conservou o seu temperamento e a sua forma de orientação pastoral, imprimindo de imediato a marca da sua forte personalidade”.

A intervenção recordou “o contacto direto com cada pessoa e com as populações” de um Papa “desejoso de ser próximo a todos, com uma atenção especial às pessoas em dificuldade, gastando-se sem medida, em particular pelos últimos da terra, os marginalizados”.

“Tinha uma grande espontaneidade e uma maneira informal de se dirigir a todos, mesmo às pessoas afastadas da Igreja”, acrescentou o cardeal decano.

O cardeal italiano lembrou que Francisco foi alguém “dotado de grande calor humano e profundamente sensível aos dramas de hoje”, que “com uma mensagem capaz de chegar ao coração das pessoas de forma direta e imediata, se dedicou a confortar e a encorajar.

A reflexão de D. Giovanni Battista Re realçou a preocupação do Papa com a evangelização e a “convicção de que a Igreja é uma casa para todos; uma casa com as portas sempre abertas.

“O Papa Francisco sempre deu centralidade ao Evangelho da misericórdia, sublinhando repetidamente que Deus não se cansa de nos perdoar: Ele perdoa sempre, seja qual for a situação de quem pede perdão e regressa ao bom caminho”, insistiu.

Na Praça de São Pedro estiveram delegações oficiais de 160 países e instituições internacionais, incluindo a de Portugal, bem como representantes de várias Igrejas cristãs e outras religiões, que tiveram oportunidade de passar diante do caixão, para uma última homenagem.

“Dirijo uma saudação e um vivo agradecimento aos chefes de Estado, aos chefes de Governo e às delegações oficiais que vieram de muitos países para manifestar afeto, veneração e estima pelo Papa que nos deixou”, disse D. Giovanni Battista Re, interrompido várias vezes pela multidão com salvas de palmas, nas referências a viagens e gestos de Francisco.

Depois destas orações próprias pelo Papa, o presidente da celebração incensou o féretro e aspergiu-o com água benta, antes da antífona final, a que se seguiu o regresso do caixão ao interior da Basílica de São Pedro.

O caixão foi transportado, depois da Missa, pelas ruas de Roma, em carro aberto, para a Basílica de Santa Maria Maior, onde o pontífice escolheu ser sepultado. Milhares estiveram nas ruas a acompanhar o cortejo até à Basílica.

Adaptado de Agência Ecclesia

Fotografia: Lusa/EPA

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