Fátima foi hoje, a par de Roma, o epicentro das preces pela paz no mundo, com o ato de consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, feito em sintonia no Vaticano, pelo Papa Francisco, e na Cova da Iria, pelo legado pontifício, cardeal Konrad Krajewski.
Reunidos com o representante do Papa, na Capelinha das Aparições, estiveram os bispos portugueses, em união com o Santo Padre, neste ato histórico.
“Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação”. Foi com esta alocução que se iniciou a prece de consagração, onde a palavra “paz” foi ouvida por 13 vezes, o mesmo número de vezes que foi dita a palavra “Mãe”, a quem se dirigiu a súplica deste ato de consagração da Rússia e da Ucrânia, países em guerra desde 24 de fevereiro.
Cumprido em simultâneo em Roma e em Fátima, este ato de âmbito mundial pediu a Nossa Senhora a “libertação da guerra” e a preservação do mundo da ameaça nuclear, numa petição feita sob o preâmbulo de um ato de contrição da humanidade.
“Perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. (…) Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!”, declararam o Papa Francisco e o cardeal Konrad Krajewski, em frente à imagem de Nossa Senhora, a quem confiaram a faculdade de “desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo”.
No horizonte desta consagração estiveram a Rússia e a Ucrânia, para quem foi pedido amparo materno da Virgem Maria, concretamente a “quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas” e aos que “são obrigados a deixar as suas casas e o seu país”.
“Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria”, ouviu-se pedir diante da Imagem de Nossa Senhora, na Cova da Iria e na Basílica de São Pedro.
“Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz”, continuou a prece a Maria, a quem foi confiado “o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo”.
Na Cova da Iria, a celebração de consagração foi introduzida pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, que declarou a união do prelado português com o gesto pedido pelo Santo Padre, no passado dia 15 de março.