Irmãos e irmãs

Esta celebração da solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, e a Procissão festiva de adoração e testemunho público da fé com o Santíssimo Sacramento foi, ao longo dos séculos, crescendo em apreço e alegria do povo cristão. Acontece em dia de quinta-feira, em paralelo com a quinta-feira santa, em que celebramos a instituição da Eucaristia na Ceia pascal que Jesus celebrou com os apóstolos.

O sentido memorial da celebração da eucaristia, encontra-se figurada na Primeira Leitura, do Livro do Deuteronómio (Dt 8,2-3.14b-16ª). Lembra como é importante que o povo não esqueça a maravilhas de Deus: Recorda-te de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez percorrer”, (…). Não esqueças o Senhor teu Deus que te fez sair da terra da escravidão(…) te conduziu pelo temível deserto…e fez nascer água de um rochedo para te saciar(…) e te deu o maná a comer para não morreres”.

Podíamos continuar, Recorda-te” e “Não esqueças, de Jesus que nasceu pobre, cresceu numa família modesta, aprendeu a viver a vida com a sabedoria de Deus, tomou consciência do mistério de vida e missão que lhe cabia, fiel à vontade de Deus Pai, escolheu discípulos para estarem e andarem com Ele e para os enviar, dedicou-se aos mais pobres a quem saciou a fome, curou doentes, libertou pessoas prisioneiras do mal e por fim revelou o seu mistério de vida e missão: Eu sou o pão vivo descido do céu” (Jo 6,51) e celebra um compromisso, uma nova aliança com uma ceia pascal a corresponder à sua morte na cruz e à sua ressurreição. É este novo memorial que se retoma e atualiza na celebração da Eucaristia, com o pão e com o vinho consagrados nos quais Cristo quis tornar-se presente como oblação ao Pai e como alimento dos seus discípulos no tempo novo marcado pela ação do Espírito Santo: Fazei isto em memória de Mim (Lc 22,19).

 Na segunda leitura, (1Cor 10,16-17), São Paulo exorta os coríntios que a celebração da eucaristia é geradora da união espiritual com Cristo e de uns com os outros. S. Tomás de Aquino refere-se à Eucaristia como banquete: “Oh precioso e admirável banquete, salutar e cheio de toda a suavidade! Que há de mais precioso que este banquete? (…) Que há de mais salutar e admirável que este sacramento? Nele se purificam os nossos pecados, aumentam as virtudes e se nutre a alma com a abundância dos dons espirituais” (LH, vol III,p.625).

Também o jovem Beato Carlo Acutis, que faleceu em 2006 com quinze anos de idade, e foi declarada a sua beatificação em 2020, deixou aos jovens e a todos o testemunho de uma profunda devoção eucarística. Acreditava que na Eucaristia “Jesus estava realmente presente no mundo, como quando no tempo dos Apóstolos…”. Ficou célebre uma frase sua: “A Eucaristia é a minha autoestrada para o Céu”.

O Papa Francisco, na Carta Apostólica sobre a formação litúrgica do Povo de Deus, publicada em junho de 2022, lembra-nos que todos os cristãos são convidados à celebração da Eucaristia. Antes da nossa resposta ao convite – muito antes – está o seu desejo de nós: até podemos não ter consciência disso, mas de cada vez que vamos à Missa a razão primeira é porque somos atraídos pelo seu desejo de nós. Por nossa parte, a resposta possível, a ascese mais exigente é, como sempre, a de nos rendermos ao seu amor, de nos deixarmos atrair por Ele. O certo é que todas as nossas comunhões no Corpo e Sangue de Cristo foram por Ele desejadas na última Ceia” (Dd 6).

A celebração da Eucaristia requer verdade, fé, arte e beleza. Faço um pedido aos que colaboram na liturgia das celebrações da Eucaristia, aos mais intervenientes: sacerdotes, diáconos, leitores, salmistas, cantores, ministros extraordinários da sagrada comunhão, sacristães, acólitos; estamos ao serviço de uma ação litúrgica que requer o empenho de todos para corresponder à elevação espiritual que a celebração da Eucaristia exige. Não podemos resvalar para uma celebração espetáculo onde a falta de serenidade e de qualidade prejudica a participação da assembleia, na escuta e encontro com Deus.

 Uma palavra quanto a dificuldades últimas no ministério dos padres. Todos sabemos da pressão dos últimos tempos por causa da informação acerca de abusos de menores; quero aproveitar para agradecer aos cristãos da Diocese a sua fidelidade e a confiança que depositaram nos sacerdotes que estão ao seu serviço, falando com eles e rezando por eles. Os cristãos leigos necessitam da missão dos padres, mas os padres também necessitam do apoio dos leigos para os apoiarem e ajudarem a serem bons padres. Sejamos corresponsáveis uns pelos outros no cuidado da vida espiritual e naqualidade do relacionamento humano com pessoas de todas as idades.

Quero também agradecer aos jovens a animação que têm manifestado, também com o apoio dos adultos, no acompanhamento dos símbolos da JMJ. Especialmente à Equipa da COD da Diocese de Santarém. Ao bispo D. Américo Aguiar e ao Padre Filipe Diniz, a gratidão pelo testemunho na dedicação por tão enorme tarefa de acompanhamento e coordenação.

Irmãos e irmãs, a celebração da Eucaristia tem uma graça universal: Cristo entregou-se o morreu por todos. Na Eucaristia reza-se por todos, (pelos presentes e ausentes, pelos justos e pecadores, pelos nacionais e pelos estrangeiros, pelos pobres e pelos ricos, pelos vivos e pelos falecidos).  Assim se entende que a Bênção do Santíssimo Sacramento possa ser dada extensivamente para uma cidade inteira ou uma região. Na verdade, a caridade divina não tem medida nem fronteira.

Roguemos ao Senhor, a Bênção para esta cidade e todas as cidades, vilas e aldeias da área da nossa Diocese. Abençoe todos os que vivem especiais preocupações nas suas vidas, famílias, empresas e instituições. E especialmente pelos jovens e pela realização da JMJ. Nossa Senhora, Santa Maria do Olival, acompanhará como boa Mãe.

+ José Traquina

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