Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus

Dia Mundial da Paz

(01-01-2024Sé de Santarém)

Irmãs e irmãos

  Em tempo litúrgico do Natal do Senhor, iniciamos o novo Ano com a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, neste dia designado Dia Mundial da Paz. A mensagem da 1ª Leitura (Num 6,22-27) refere o bom desejo de um crente: “O Senhor te abençoe e te proteja. (…) faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. (…) e te conceda a paz”.

 Que esta celebração seja encontro e acolhimento da paz, com alegria e esperança, como aconteceu com os pastores ao contemplarem o Menino do presépio de Belém. Foi para eles e para nós que Deus quis nascer e tornar-se, assim, presente no mundo, assumindo a natureza humana.

 É espontâneo iniciar o novo Ano com algumas expectativas e esperanças em relação ao futuro próximo. É sinal de otimismo quando expressamos e endereçamos votos uns aos outros desejando a melhor saúde e o melhor êxito no novo Ano. Desta vez é mais difícil ser otimista; os votos de próspero Ano novo podem ser sinceros, mas dúvidas e falta de conhecimento que não permitem uma antevisão do que se segue. Quando surgirá uma solução sensata para os países em guerra encontrarem a paz? Haverá estabilidade política em Portugal com o resultado das próximas Eleições legislativas? Que esperança podem ter o ainda elevado número de pessoas pobres e em risco de pobreza em Portugal? Podem os portugueses contar com o bom funcionamento do Serviço Nacional de Saúde? Haverá vontade em assegurar estabilidade às Instituições de solidariedade social, de saúde e de educação? E a Inteligência artificial, será um bem para a sociedade?

 A esta última interrogação, responde o Papa Francisco, na mensagem que publicou para este Dia Mundial da Paz:  A inteligência artificial tornar-se-á cada vez mais importante. Os desafios que coloca não são apenas de ordem técnica, mas também antropológica, educacional, social e política. (…) Precisamos de estar conscientes das rápidas transformações em curso e geri-las de forma a salvaguardar os direitos humanos fundamentais, respeitando as instituições e as leis que promovem o progresso humano integral. A inteligência artificial deveria estar ao serviço dum melhor potencial humano e das nossas mais altas aspirações, e não em competição com eles. (…) a minha oração é que o rápido desenvolvimento de formas de inteligência artificial não aumente as já demasiadas desigualdades e injustiças presentes no mundo, mas contribua para pôr fim às guerras e conflitos e para aliviar muitas formas de sofrimento que afligem a família humana. A preocupação do Papa Francisco é o cuidado pelas pessoas todas.

 Com os pastores que nos refere o Evangelho,contemplamos no presépio a vinda de Deus ao mundo numa criança, um Menino nascido em contexto de uma família pobre, uma pessoa humana. Não há nada de mais sagrado e valioso no mundo do que a pessoa humana. Tudo o que no planeta Terra, existe em função do bem e felicidade da pessoa humana, de todas as pessoas.

 Sendo assim, se o mundo é de todos, incomoda saber que centenas de milhões de pessoas no mundo não têm água potável para beber e só comem uma vez por dia? O Menino do presépio nasceu para todos e por causa de todos, ensinou-nos a viver como filhos de Deus, cuidando uns dos outros e a tornar presente no mundo a sua Luz e a sua Paz. Os pastores de Belém foram os primeiros pobres a adorarem-no e a alegrar-se com o seu Natal (Cf. Lc 2,16-21). E diz a tradição que levaram alguns bens alimentares para dar ao Menino.

 Agradecemos o testemunho dos milhares de pessoas voluntárias que na Cáritas e outros Grupos sócio caritativos, prestam a sua adoração a Cristo ajudando pessoas que necessitam de apoio por auferirem rendimentos insuficientes.

 Maria e José deslocaram-se a Belém, terra do Rei David, para participarem no recenseamento da população. É o testemunho do cumprimento de um dever de natureza social e política.

 Não permitamos que o comodismo nos domine; estejamos alerta e disponíveis para participar na edificação de uma sociedade democrática, onde se requer que cada pessoa seja respeitada, nos seus direitos e deveres. Toda a organização da sociedade, os Governos, as Autarquias, os Serviços públicos, as Instituições sociais, tudo existe em função do bem comum da sociedade. Ser cristão assumido é também ser responsável na orientação do país; não podemos concordar com a abstenção. Daí o apelo à participação em todas as eleições para cargos políticos, com escolha atenta às propostas apresentadas. Não votar nas eleições é falta grave,é sinónimo de indiferença e contribui para a degradação da Democracia.

 Irmãos e irmãs

Com esta solenidade, também contemplamos como Deus na sua Misericórdia restaura a dignidade da Mulher na sua vocação à maternidade. Ser mãe é vocação e missão natural que Deus confirma. Com a maternidade, a Virgem Maria, sem perder a sua santidade e dignidade, deu à luz o Salvador do mundo, o Príncipe da Paz.

Para uma política de paz ou umcomportamento individual de paz, o estilo é o mesmo: a não violência. É esse o testemunho da entrega de Cristo que nós celebramos em cada Eucaristia. Vivendo as dificuldades e as crises deste mundo, fortalece-nos o Amor poderoso de Cristo, é Ele a nossa Paz. O Senhor Jesus assegura-nos “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá” (Jo 14,27). Ou seja, não é uma paz de equilíbrio de forças, é a Paz de quem é seguramente amado, é o dom que faz de nós homens e mulheres de Paz, pessoas não violentas. Jesus partilhou connosco uma felicidade que Ele vivia: “Felizes os que fazem a paz, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).

 A Santa Maria, Mãe de Deus, também nomeada Rainha da Paz, foram confiados como filhos os discípulos de Jesus. Assim, ela é Mãe e membro da Igreja apostólica. Tendo-a como Mãe, contemos com o seu acompanhamento e intercessão durante todo o novo Ano, por nós e pelo mundo.

Santa Maria, Mãe de Deus e Rainha da Paz!

Rogai por nós!

+ José Traquina

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