O Advento é tempo de saber esperar. O Evangelho de São Lucas (2,25-38) informa-nos que os idosos Simeão e Ana frequentavam e esperavam no templo de Jerusalém que algo de bom acontecesse! Esperavam a realização da promessa da vinda do messias de Deus. Também os idosos Zacarias e Isabel e a jovem Maria de Nazaré esperaram! Porque acreditavam, mantiveram a esperança de que Deus realizaria as suas promessas.
No nosso tempo parece não haver tempo para esperar, pretende-se que tudo aconteça ao ritmo de um click, o mais depressa possível; esperar parece ser um tempo perdido e inútil. Num mundo acelerado é necessário valorizar o tempo de espera.
O ritmo da natureza exige um tempo de espera. Exige esperança. Quando se planta uma árvore, espera-se o tempo necessário até dar fruto e é preciso cuidar da árvore e protegê–la para que não seja danificada no seu crescimento.
Uma mulher grávida é um grande ‘sinal’ de esperança. Vai nascer uma criança, uma nova pessoa humana. A gravidez exige cuidados e incómodos que são suportáveis porque há amor e esperança. Não só a esperança de que a gravidez vai ter sucesso como também a esperança de que a criança que vai nascer será motivo de alegria e de esperança para a família e para a comunidade. A nova vida projeta-se em esperança.
Outro aspeto que prejudica a esperança é o medo. Os conflitos, as guerras, as injustiças e a incerteza quanto ao futuro, tudo isto leva ao medo e, por consequência, à falta de esperança. Não podemos ser prisioneiros do medo. É necessário acreditar, ter coragem e esperança.
Podemos ainda identificar outra dificuldade. O pessimismo! Há pessoas que são pessimistas, só veem o que é negativo, não acreditam em soluções, parece que para elas o mundo está definitivamente perdido. Quando o medo e o pessimismo invadem uma pessoa, reina a tristeza.
É muito curioso que as pessoas acima referenciadas, Simeão e Ana, Zacarias e Isabel, eram pessoas idosas que acreditavam e esperavam, tinham esperança. São pessoas que surgem no início do Evangelho e que são, também para o nosso tempo, um testemunho de que a velhice é uma grande oportunidade para cultivar e testemunhar a esperança. As novas gerações necessitam deste testemunho das pessoas mais idosas.
Em pessoas de todas as idades, a esperança é ativa! É fermento que discretamente vai levedando. Saber esperar é uma consequência da Fé e traduz-se em bondade e paciência! A nossa vida pode ser decidida na esperança! Esperar não é ter paciência e desistir; é ter paciência e continuar a lutar no caminho da fidelidade.
O cristão fundamenta e alimenta a sua Esperança na Palavra de Deus e na oração. Entretanto, a oração não dispensa a vigilância para não nos deixarmos cativar com tantas coisas deste mundo e desprezemos a esperança. Quando não há esperança, não se espera nada, cai-se numa crise de sentido e o que resta é apenas viver o dia a dia.
O cristão é o que acredita em Cristo e sabe que a história caminha para Deus. Sabe que só o Amor salva o mundo e que, depois da vinda de Jesus ao mundo, o tempo e a história foram atingidos por esta possibilidade de em cada momento Deus se tornar presente no coração humano.
Vivendo o Advento com Fé e Esperança identificamo-nos com Maria, a nossa referência humana do que é viver em alegria confiante. Que estas semanas do tempo de Advento e do tempo de Natal sejam vividas na preparação e na alegria do acolhimento da Luz de Deus no coração e na vida de cada cristão.
+ José Traquina