Irmãs e Irmãos

Neste Domingo da Sagrada Família em tempo de Natal, partilho pontos de reflexão com base no texto do Evangelho que acabámos de escutar e no Documento do Santo Padre, a Bula de Proclamação do Jubileu do Ano Santo 2025.

São Lucas informa-nos acerca do zelo de fé que levava Maria, José e o Menino a percorrer muitos quilómetros para participarem na principal celebração festiva da páscoa na cidade de Jerusalém. É nesse contexto de fidelidade familiar que acontece o que nos conta o Evangelho de hoje. Depois de participarem na festa da Páscoa e já comum dia de caminho de regresso a casa, Maria e José dão conta que Jesus, com doze anos de idade, não estava com os outros adolescentes da caravana. Preocupados, voltam à sua procura e encontram-no no templo de Jerusalém entre os doutores. Alguns ensinamentos:

Maria e José

cultivam a fidelidade à tradição da fé do seu povo. Não são um casal estranho mas completamente integrado entre os peregrinos.

-Assumem os direitos de Jesus com doze anos; não tinha que caminhar junto da sua família, poderia caminhar com outros da sua idade. Vemos aqui a respeitabilidade e a confiança nos mais novos.

-Vivem a aflição de não encontrar Jesus e voltam atrás à sua procura. Não é possível a indiferença. Podemos imaginar a ansiedade de uma caminhada de regresso. Ensinamento: quando Jesus não está connosco é necessário ir à sua procura.

Três dias depois, como acontecerá na Ressurreição, encontram Jesus no templo entre os doutores e interrogam-no: “Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura”. Receberam de Jesus uma resposta que serve para nós, hoje: “Porque me procuráveis? Não sabíeis que devia estar na casa de meu Pai?” (Lc2,49). Ensinamento: devemos procurar Jesus na Casa onde Ele se encontra!

-Maria e José não entenderam aquelas palavras de Jesus, mas a Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração. É uma informação de São Lucas que gerou a universal devoção pelo Sagrado Coração de Maria. Ela guarda em seu coração as mais diversas situações dos seus filhos, conforme a indicação que Jesus, na cruz, lhe havia de dar.

Jesus continuou submisso a Maria e José mas deu a conhecer que a sua missão futura exigia algum afastamento e que já se sentia íntimo de Deus Pai. Para Jesus já era claro: na sua respeitabilidade pela Mãe e por José, Deus Pai já tinha a primazia na sua vida. Vemos aqui a presença de Deus na vida matrimonial e a presença de Deus na vida consagrada a uma missão. Hoje é dia de valorizarmos a família como um bem querido por Deus para a realização humana e para a vida em sociedade.

O Papa São Paulo VI, numa celebração em Nazaré da Galileia, salientou outras dimensões da vida familiar de Maria e José que nos ajudam a conhecer melhor a pessoa de Jesus: o bom ambiente de uma família, a vida conduzida à luz da Fé com oração e disciplina espiritual, o silêncio, a disposição para escutar, a leitura e conhecimento dos textos sagrados, e o trabalho pelo o qual Jesus foi conhecido:o filho do carpinteiro”.

Irmãs e irmãos, a família é um bem e dela depende o futuro do mundo e também da Igreja, mas não uma família sem objetivos nem princípios de boa convivência. Rezo e agradeço a todos os pais e mães que trabalham e se preocupam pela qualidade e progresso humano dos seus filhos e pelo bom ambiente relacional em sua casa.

O Jubileu do Ano Santo 2025 que hoje iniciamos em comunhão com todas Dioceses, acontece por força do calendário uma vez que de vinte cinco em vinte cinco anos, acontece Jubileu de Ano Santo para toda a Igreja. É uma coincidência com o Jubileu do Cinquentenário da nossa Diocese, mas não há nenhum prejuízo por isso, antes uma vantagem.  

O tema da Esperança para a vivência deste Jubileu 2025 é muito oportuno. Vivemos num tempo de abatimento, falta de esperança, as guerras e conflitos traduzem o pior do íntimo da pessoa humana. As ideias e interesses injustos, a força do ódio, complexos de superioridade, falta de respeito pelas leis internacionais e falta de verdade nos resultados dos votos em eleições para cargos políticos em diversos países. Acresce ainda a imprevisibilidade em relação ao futuro da segurança na Europa, em países da sua proximidade e em todo o mundo. Tudo isto é perturbador com forteimpacto na vida das pessoas, em virtude do efeito do acompanhamento através dos meios de comunicação social.

O medo é diabólico e está a aumentar. Porém, Deus não desistiu da humanidade.

A Bula de proclamação deste Jubileu, do Papa Francisco, texto de leitura recomendável, tem portítulo:A Esperança não engana”. É desse documento que passo a citar: (…) esta imprevisibilidade do futuro faz surgir sentimentos por vezes contrapostos: desde a confiança ao medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida. Muitas vezes encontramos pessoas desanimadas que olham, com ceticismo e pessimismo, para o futuro como se nada lhes pudesse proporcionar felicidade. Que o Jubileu seja, para todos, ocasião de reanimar a esperança! (nº 1). (…) é o Espírito Santo, com a sua presença perene no caminho da Igreja, que irradia nos crentes a luz da esperança: mantém-na acesa como uma tocha que nunca se apaga, para dar apoio e vigor à nossa vida. Com efeito a esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor de Deus” (nº 3).

Irmãos e irmãs,  não nos deixemos vencer pelo pessimismo, saibamos interpretar os sinais de paz em muitas situações que acontecem, superemos o medo com a esperança e o poder do Amor de Deus. O Jubileu do Ano Santo 2025, em coincidência com o Jubileu do Cinquentenário da Diocese, é uma oportunidade que Deus nos oferece para nos purificar, fortalecer e, uns com os outros, caminharmos na edificação da justiça e da paz. O apelo à conversão é para todos, mas faço um apelo especial às famílias e aos jovens cristãos, para que neste tempo de Jubileu se tornem um sinal vivo de esperança. Às pessoas envolvidas na pastoral social e na saúde, faço o apelo: desenvolvam a sua a ação e o seu trabalho na consciência do bem que Deus quer que aconteça na vida dos mais pobres e necessitados de apoio.

A celebração da Eucaristia é o sinal da presença do Espírito Santo que nos atrai, e nos torna beneficiários da presença real de Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor, o Deus connosco, que nos alimenta e assegura o sentido da vida e da missão.

Celebremos com Fé e Esperança.

+ José Traquina

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