Igreja Matriz de Pernes, 21-04-2024Encerramento de Visita Pastoral

Irmãos e irmãs

A Eucaristia é a celebração permanente do mistério Pascal de Cristo: a sua paixão, morte e Ressurreição. Aqui estamos de novo, IV Domingo da Páscoa, reunidos no primeiro dia da semana, Dia do Senhor Ressuscitado.

 O Evangelho que acabámos de escutar é uma revelação que Jesus fez de si mesmo antes da Páscoa. Houve um crescendo de alegria porque o Senhor ressuscitou, então, retomaram-se os seus ensinamentos para os interpretar à luz da Páscoa. No Evangelho deste Domingo (Jo 10,11-18), Dia Mundial de Oração pelas Vocações, Jesus oferece-nos a bela imagem do Bom Pastor com a qual se identifica. Imagem que tem imensa força para nos traduzir quem é Cristo e qual a nossa vocação, como seus discípulos.

 A atitude que se espera de um bom pastor é que cuide das suas ovelhas. Jesus, porém, vai mais longe: “Eu sou o Bom Pastor e dou a vida pelas minhas ovelhas”. Os primeiros cristãos tinham uma grande devoção pela imagem do Bom Pastor, contemplavam nela a ternura e o amor de Cristo por cada um deles. Dar a vida pelas ovelhas é uma afirmação que traduz toda a dedicação de Jesus pelas pessoas e traduz também a fidelidade do seu amor revelado na cruz.

Certamente, todos experimentámos nas nossas vidas esta presença de Jesus, Bom Pastor, em tantas pessoas que de nós cuidaram, ou cuidam, em situações tão diversas de necessidade de apoio. Jesus, Bom Pastor, identifica-se com todos os cuidadores de bom coração. Verifiquei-o nesta ‘visita pastoral’ na missão do Padre João Moita e nos cristãos e cristãs que na comunidade paroquial assumem responsabilidades diversas na liturgia, no cuidado pelos espaços comunitários, no acolhimento como aconteceu por altura da JMJ. Verifiquei-o muito especialmente nadedicação das pessoas que trabalham na Santa Casa da Misericórdia de Pernes, na atenção e serviço que prestam às pessoas fragilizadas ou doentes; verifiquei-o no zelo e qualidade do serviço prestado que me deixa a marca de um elevado testemunho de serviço social que é promovido em Pernes. É justo e bom reconhecer e agradecer o empenho de todas as pessoas envolvidas na missão social da Santa Casa da Misericórdia.

Amar, servir, ser cuidador, ser solidário nas situações difíceis, governar bem a casa e a vida familiar com sentido de justiça, cuidar do bem comum de uma terra, gerir bem uma autarquia, uma instituição ou empresa, tudo pode corresponder a um cuidado pastoral, isto é, tudo pode corresponder a uma bondade que reflete a mensagem do Bom Pastor. Pede-se e deseja-se que todos os que governam tenham critérios de justiça e bondade nas suas decisões.

 Quanto à Igreja, é claro que Jesus quis que alguns dos seus discípulos fossem apóstolos, isto é ‘enviados’ e fossem bons pastores. Como sabemos, o apóstolo Pedro por três vezes foi infiel a Cristo antes do galo cantar. Depois da ressurreição, Jesus apareceu-lhe e, num paralelismo, por três vezes lhe pergunta: “Pedro tu amas-me?; és meu amigo?”. Ao ‘sim’ de Pedro, Jesus acrescenta: “Apascenta as minhas ovelhas”. Jesus queria que os seus mais diretos representantes na sua Igreja atuassem em seu nome e o tivessem como modelo e estímulo de dedicação como Bom Pastor.  

 Neste Dia dou graças pelos muitos testemunhos de bons pastores que encontrei em muitas comunidades cristãos ao longo da minha vida. E também pelo largo testemunho da dedicação do vosso jovem prior, o Padre João Moita. É discreto e eficiente nas diversas responsabilidades que assume como pároco de 4 paróquias e nas responsabilidades que assume a nível Diocesano.

 A atividade da Igreja é conhecida por pastoral: Pastoral da Evangelização, Pastoral Litúrgica e Pastoral de Ação social, Pastoral da comunidade. Por áreas ainda mais específicas, há a Pastoral Familiar, Pastoral Juvenil,Pastoral dos migrantes, e muitas outras. Em todas estas áreas, pretende-se que a missão que os cristão assumem esteja identificada com a missão de Cristo, Bom Pastor. Em síntese, aplica-se em todos nós as duas dimensões da parábola: somos ovelhas porque devemos ouvir bem a boa Palavra que nos alimenta e inspira. Mas também somos pastores e pastoras porque devemos promover o bem em sintonia com Cristo Bom Pastor.

Alegro-me por tudo o que verifiquei nesta visita pastoral e fico com a convicção de que existem condições para a comunidade cristã crescer em identidade e em missão. É muito importante a formação cristã, a catequese de adultos que está em funcionamento, e a oração. Devemos cultivar o gosto por aprender e crescer e não gastar o tempo com programas inúteis.

 Estou certo da importância da animação e das decisões dos jovens. O grupo de jovens da Paróquia de Pernes deu um bom testemunho em todo o processo de preparação e participação na Jornada Mundial da Juventude. Mostraram que a sua presença e dinamismo não é só uma promessa para o futuro, é já a vida presente das comunidades que pode ser inovada e enriquecida com a sua participação.

No Evangelho deste domingo, Cristo, Bom Pastor, lança um desafio que sublinho. Tenho ainda outras ovelhas que não escutam a minha voz. Esta preocupação deve ser nossa: guardar e cultivar a Palavra de Cristo de modo que, a nossa vida, seja um digno testemunho com alegria e Fé.

Portanto, fica o desafio: cuidar da identidade! O que devo fazer para ser mais forte na fé, na identificação com Cristo, a fé confiança a sério que faz arredar montanhas. E cuidar da missão. O que já se faz e o muito que há para fazer pode ser feito com identidade e missão. Todos os domingos, no final da missa escuta-se a palavra de envio: “Ide em paz e o Senhor vos acompanhe” na missão da vida que ides ter esta semana.

Irmãos e irmãs, em Cristo Bom Pastor da humanidade, sintamo-nos todos seus discípulos enviados a trabalhar, testemunhar o amor doperdão e a construir a paz.

+ José Traquina

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