Solenidade da Dedicação da Catedral
(50º Aniversário da Criação da Diocese)
Santarém, 16-07-2025
Irmãos e irmãs
No dia 16 de julho de 1975, faz hoje cinquenta anos, o Papa São Paulo VI assinou a Bula da criação desta Diocese de Santarém. Aqui estamos para agradecer a Deus o testemunho de todos os que nos antecederam, no discernimento do processo que levou à criação da Diocese e os que, desde o início, assumiram especiais responsabilidades a começar pelo primeiro Bispo, D. António Francisco Marques.
Em 2019 projetamos para a Diocese seis anos pastorais, assumindo como lema uma frase do Papa Francisco: “Somos uma missão nesta terra” (EG 273). Todos os anos tiveram objetivos distintos e referências diversas. Para o ano pastoral em que estamos a frase escolhida como objetivo foi: “Diocese de Santarém, Igreja missionária que se renova e agradece”. Se todos os anos houve um sacramento de referência, para este ano o sacramento é exatamente Eucaristia. E aqui estamos para agradecer a Deus e em Deus a muitas pessoas:
–Ao Senhor Presidente da República, os agradecimentos pela alegria que nos dá por estar connosco nesta hora. Muito obrigado.
–Aos senhores Bispos, Arcebispos e Cardeais a vossa presença reforça a comunhão eclesial e a solicitude por toda a Igreja concretizada nas Dioceses. A saudação especial ao Cardeal Dom Manuel Clemente, de parabéns por ocorrer hoje o seu aniversário natalício.
–Agradecer ao Bispo emérito, D. Manuel Pelino; depois da sua missão de 19 anos como Bispo desta Diocese, continua a dar a sua colaboração sempre que lhe é pedida.
–À Nunciatura Apostólica na pessoa do Monsenhor José António Teixeira por todo o apoio no pedido da Indulgência concedida pelo Santo Padre, Papa Francisco, e que justificou as diversas concentrações de fiéis na Catedral e na Igreja de Santa Maria do Olival em Tomar e agora também o apoio no pedido da Bênção para este dia concedida pelo Santo Padre, o Papa Leão XIV.
–Os agradecimentos aos Presidentes das Câmaras Municipais da área geográfica da Diocese por todo o interesse na conservação do património histórico e pelo acolhimento em espaços municipais da Exposição itinerante do Cinquentenário da Diocese.
–Aos Provedores das Santas Casas da Misericórdia, e Presidentes dos Centros Sociais Paroquiais e Cáritas Diocesana; com todos temos mantido um bom relacionamento pessoal e institucional, o agradecimento pelo testemunho na missão social que assumem.
–O agradecimento aos padres do presbitério da Diocese que fazem equipa com o Bispo na missão que nos é confiada; sendo agora em menor número têm trabalho acumulado para assegurar a missão nas comunidades, nos serviços diocesanos e na assistência aos movimentos. Incluo aqui os padres missionários combonianos e monfortinos.
–Aos diáconos permanentes da Diocese; não sendo muitos, têm prestado um notável serviço pastoral nas comunidades.
–Às Irmãs Religiosas, agradecer o seu testemunhos de vida Consagrada e dedicação missionária, e aos muitos cristão leigos que dão o seu testemunho na família, no trabalho, nos movimentos e nos organismos eclesiais onde assumem responsabilidades, especialmente na catequese, evangelização e ação social.
–Neste contexto do Ano do Cinquentenário, é justo agradecer ao Santuário de Fátima, na pessoa do seu Reitor, Padre Carlos Cabecinhas e do Bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, pelapermissão da Imagem Peregrina de Nª Sª de Fátima a percorrer as paróquias da Diocese, com grande efeito de alegria e comunhão espiritual, e também a Peregrinação ao Santuário de Fátima no passado dia 25 de maio.
–O agradecimento também à Diocese de Setúbal, na pessoa do seu bispo, Cardeal D. Amério Aguiar, pela belíssima receção no Santuário de Cristo-Rei e no Seminário de São Paulo de Almada no passado dia 28 de junho.
–Finalmente o agradecimento à Comissão do Cinquentenário e a todos os que assumiramresponsabilidades pastorais.
–E também aos benfeitores que colaboram para a realização desta Festa diocesana.
A Leitura do primeiro Livro dos Reis (1 Reis 8, 22-23.27-30), é uma oração do rei Salomão no templo de Jerusalém que ele mesmo mandara construir, a dedicar aquele espaço como casa de oração, casa do encontro do povo com Deus. Os cristãos também tiveram necessidade de edificar os seus espaços de oração e hoje celebramos a liturgia da dedicação desta igreja como Catedral, por isso, a bela oração do rei Salomão, ajuda-nos a valorizar os espaços dedicados como lugares privilegiados para a oração e, neste caso, para as celebrações com especial significado para o todo da Diocese.
A catedral, como outras igrejas da Diocese, sugere-nos a gratidão pelo trabalho e cuidado de tantas pessoas que no passado projetaram e edificaram espaços que perduram e nos fazem sentir bem envolvidos em obras de arte inspiradas na mensagem do Evangelho. Entretanto, a razão de ser desta igreja ser elevada a catedral, é existir a Igreja–Povo de Deus, como Diocese presidida por um Bispo. Num tempo em que ainda não havia catedrais, São Paulo exortava os cristãos da comunidade de Corinto: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”. Isto é, os cristãos foram tomando consciência de que eles mesmos, na medida em que estavam em união com Cristo, constituíam o templo espiritual onde Deus habita.
No Evangelho proclamado, Jesus elogia a fé do apóstolo Pedro por ter confessado: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. A Igreja como realidade abrangente a todos povos e línguas, só poderia acontecer com pessoas com o dom da Fé e abertas à ação do Espírito Santo.
Jesus associa a si a missão dos apóstolos a começar por Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja”. É a imagem do edifício que somos chamados a ser, tendo Cristo como apedra angular do alicerce e na qual as outras pedras encontram segurança.
Sobre esta passagem, Santo Ambrósio comentou: Cristo é a pedra (…) mas Ele também não recusou este belo nome ao seu discípulo, de tal modo que também ele seja Pedro, para que tenha da pedra, a firmeza da perseverança e o caráter inquebrantável da fé.
Esforça-te por também tu seres pedra (…). A tua pedra são as tuas ações, a tua pedra é o teu pensamento.
Irmãos e irmãs, no edifício que é esta Diocese, povo de Deus, a primeira pedra é Cristo mas nodia 4 de outubro de 1975 foi lançada uma outra para dar início ao funcionamento da Diocese, foia ordenação do primeiro Bispo de Santarém, D. António Francisco Marques. Na homilia, o Cardeal–Patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro,afirmou: “A nova diocese de Santarém é hoje uma consoladora realidade que, ao longo de vários anos, foi desejada e esperada pelo Povo de Deus do Patriarcado de Lisboa. A concretização deste feliz acontecimento fica a dever-se, em boa parte, ao Senhor Cardeal-Patriarca resignatário, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, que não só incentivou as estruturas e a vida cristã da Região Pastoral de Santarém, como fez chegar à Santa Sé o primeiro pedido de ereção canónica da nova diocese. E não posso esquecer aqui também a penhorada solicitude e diligência com que o Senhor Núncio Apostólico tomou em mãos o processo da criação da nova diocese e sempre o acompanhou até à decisão final do Santo Padre. Entre os que Deus já chamou à sua presença, temos de recordar hoje o Senhor D. António Campos, antigo bispo auxiliar do Patriarcado e incansável apóstolo destas terras do Ribatejo”.
Foi certamente a afirmação da fé, a conjugação de condições e a vantagem de maior proximidade no acompanhamento e coordenação pastoral que justificou a criação de uma nova Diocese. Cinquenta anos depois, importa assumir a missão pastoral na Diocese conscientes da responsabilidade que temos de tornar Deus mais próximo de todos. É necessário assumir o mistério da encarnação: Deus tornou-se próximo da humanidade, a Igreja Diocesana nas mais diversas dimensões tem de ser o sinal vivo e próximo da presença de Deus.
É necessário reconhecer que Deus tornou-se próximo e disponível mas não foi para roubar nada a ninguém, antes pelo contrário: tornar Deus próximo é sempre para valorizar a pessoa humana, pessoas de todas as cores e origens, naturais da região ou migrantes, de todas as condições e idades. Proximidade para valorizar as famílias, o trabalho, a educação, o cuidado com o ambiente, sem esquecer os mais pobres. A Igreja Diocesana é chamada a concretizar a proximidade de Deus, por Cristo, com Cristo e em Cristo avalorizar a pessoa humana nas suas potencialidades de realização e de participação do que é bem comum e a construção da paz. A existência da Diocese, pode então significar que Deus quer estar próximo de todos os habitantes. Esta proximidade acontecerá mais facilmente na medida em que estivermos próximos uns dos outros no propósito de continuar a servir na missão que Cristo nos confia na sua Igreja e na sociedade. A proximidade é também necessária para a Igreja prosseguir no modo sinodal.
O Santo Padre, Papa Leão, concedeu-nos a sua Bênção apostólica, sugerindo-nos “um renovado e frutuoso impulso missionário”. Vamos reler a mensagem do Santo Padre e considera-la na programação do novo ano pastoral.
À Virgem Maria, Mãe da Igreja, a Senhora da Imaculada Conceição, nossa Padroeira, rogamos a sua companhia e intercessão para a missão de todos.
+ José Traquina