Festa do Imaculado Coração da Virgem Santa Maria

Dioceses de Setúbal e Santarém juntas em celebração

Santuário de Cristo-Rei, 28-06-2025

Irmãos e irmãs

Estamos a celebrar o Jubileu do cinquentenário das nossas Dioceses de Setúbal e Santarém. Considerou-se por bem promover uma visita mútua, um sinal da fraternidade eclesial reforçada pelo facto das duas Dioceses terem sido criadas no mesmo dia. Aqui estamos, gratos ao Cardeal Dom Américo Aguiar, Bispo desta Diocese de Setúbal, e a todos os cuidadorespor esta possibilidade de neste Santuário de Cristo-Rei termos uma celebração jubilar juntos.

É bom cultivarmos a fraternidade cristã reconhecendo que é o mesmo Jesus o Senhor de todos. Ele que a todos deu a sua Mãe como nossa Mãe.

Imediatamente a seguir à Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, hoje celebramos a Festa do Imaculado Coração da Virgem Santa Maria.

O Profeta Isaías, na primeira Leitura (Is 61,9-11) dá-nos ânimo com a sua palavra; afirma que o Povo de Deus há de ser reconhecido como um povo abençoado. O profeta está reconhecido por se sentir chamado e exulta de alegria em Deus porque se sente seguro, revestido e confortado pela salvação e pela justiça. Uma alegria numa profunda experiência deconfiança e de paz.

A palavra do profeta Isaías foi escolhida para este dia porque se aplica perfeitamente à Virgem Santa Maria. Também ela foi eleita, escolhida,disse Sim e, junto da sua prima Isabel, manifestou a alegria do seu coraçãolouvando a Deus pelas suas maravilhas.

O coração imaculado de Maria é o coração puro que Jesus fala nas bem-aventuranças, coração puro que é capaz de ver a Deus presente noutraspessoas.

Do Evangelho de São Lucas, escutámos a narração da perda e encontro de Jesus no templo de Jerusalém, quando tinha doze anos, diz-nos que Maria guardava todos estes acontecimentos no seu coração. O Coração imaculado de Maria é o lugar onde se guardam recordações, onde se harmonizam os conhecimentos, os valores, as virtudes e onde se tomam decisões. Em sentido bíblico, o coração é o centro da pessoa e cada pessoa é o que for o seu coração.  

Entretanto, o «Menino perdido» revela uma consciência e uma leitura da sua decisão como quem cumpre uma missão: «Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?». É uma afirmação que quer dizer algo de grande, mas literalmente ficamos a saber que quando alguém se perde de Jesus sabe onde o pode encontrar. Enfim, tudo se passou em Jerusalém, onde Jesus havia de dar a vida por todos e sua Mãe tudo havia de guardar em seu Imaculado coração.

Irmãos e irmãs, o local onde estamos é inspirador. O Monumento de Cristo-Rei é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus; corresponde a uma espiritualidade onde se reconhece a bondade e misericórdia de Deus, mas é também um apelo a uma nova humanidade e um novo tempo inaugurado por Cristo.

Na sua última Carta Encíclica Dilexit Nos (24-10-2024), sobre o Amor humano e divino de Jesus, o Papa Francisco deixou escrito que é necessário voltar a falar do coração.

Na sociedade atual, o ser humano «corre o perigo de se desorientar do centro de si mesmo». «O homem contemporâneo encontra-se com frequência transtornado, dividido, quase privado de um princípio interior que crie unidade e harmonia no seu ser e no seu agir. Falta o coração”. (Dilexit Nos, 9).

O Papa Francisco considerava que “Levar o coração a sério tem consequências sociais”; o mundo pode mudar a partir do coração.

Na verdade, foi com o seu coração que Jesus se dedicou a ensinar multidões de pessoas, a curar doentes, a gerar esperança em pessoas desvalorizadas. Foi com o seu coração que Jesus escutou e curou o cego de nascença em Jericó e olhou para o injusto Zaqueu e quis ficar em sua casa; foi com o seu coração que Jesus olhou para a mulher pecadora e não a condenou, nos contou a parábola do filho pródigo e nos ensinou a proceder como o Bom samaritano. Foi com o seu coração que Jesus olhou e perguntou a Pedro: “Tu amas-me?” e lhe deu a responsabilidades de cuidar das suas ovelhas. Com o mesmo coração e amor enviou a ensinar, a batizar, a curar, a libertar, a cuidar dos pobres e também a celebrar a sua Ceia em sua Memória. Em síntese é com o coração de Cristo e o Imaculado coração de Maria que as nossas Igrejas Diocesanas podem e devem assumir a sua missão: vivendo e testemunhando, tornando presente o amor de Deus no mundo.

+ José Traquina

Fotografia: Ricardo Perna

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