VI  Domingo da Páscoa da Ressurreição (Ano C)

Santuário de Fátima 25-05-2025

A ocorrência dos 475 anos da criação da Diocese de Portalegre-Castelo Branco e dos 50 anos da criação da Diocese de Santarém fez que hoje nos encontremos juntos neste Santuário, com outros peregrinos de outras comunidades, a dar graças a Deus pelos dons recebidos e a suplicar a intercessão de Nossa Senhora para a missão que nos é confiada.

Saúdo o Senhor Bispo, Dom Antonino Dias, a quem agradeço a sua amizade e o seu longo e bom testemunho de Pastor. Saúdo também o nosso Bispo emérito D. Manuel Pelino, os Padres e os Diáconos das duas Dioceses pela dedicação pastoral nas comunidades, reconhecendo o testemunho de generosidade. 

Saudação extensiva a todos irmãos e irmãs em Cristo, Irmãs religiosas e irmãs e irmãos Leigos, de quem recebemos bom testemunho de vida cristã e dedicação pastoral. Partilho convosco breve meditação.

No passado Domingo, na Homilia da Eucaristia do início do seu Pontificado, o Santo Padre, Papa Leão, expressou a sua preocupação pelo que está acontecer no mundo: “No nosso tempo, ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma económico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres”.

O Santo Padre, inicia o seu ministério num tempo complicado da História humana. É chocante o ser humano usar a inteligência na tecnologia mais avançada para destruir pessoas e cidades inteiras. 

Perante um mundo desavindo, o Santo Padre, expressou o seu primeiro grande desejo: “uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado.

E nós queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: Olhai para Cristo! Aproximai-vos d’Ele! Acolhei a sua Palavra que ilumina e consola!”.

O Evangelho que hoje escutámos é uma exortação de despedida que Jesus dá para assegurar que, de outro modo, continuará a acompanhar os seus discípulos. A condição é permanecer no seu amor, ter espaço interior, ter coração que seja morada de Deus. Jesus projeta para os seus discípulos aquilo que acontecia com Ele: as pessoas procuravam estar com Jesus porque descobriram e viam n’Ele a presença de Deus. 

“Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada” (Jo 14,23). Com esta instrução, Jesus propõe uma amizade fiel; assegura que estará com aqueles que O amam e guardam a sua palavra e, assim, nos tornamos morada de Deus. Isto é: com a vinda de Jesus e a sua Páscoa dá-se início de um tempo novo em que a pessoa humana é chamada a ser o que de mais sagrado existe na terra. Jesus veio ocupar-se das pessoas porque elas são o valor maior e a razão de ser de tudo o que existe. Não são coisas, nem peças de uma ‘máquina’ ou de um sistema, são imagem e semelhança de Deus. 

Jesus indica-nos também qual deve ser o grande princípio que devemos ter presente na vida da Igreja: é a sua Palavra recordada e ensinada e pelo Espírito Santo: “O Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse”.

A 1ª Leitura: (Atos 15,1-2.22-29), refere que a comunidade cristã de Jerusalém reuniu-se para analisar vários problemas e decidir bem. Depois de rezarem, tomaram decisões e escreveram começando por dizer: “O Espírito Santo e nós decidimos…”. Que bela consciência da Fé e bom testemunho registado por São Lucas para nos inspirar a pedirmos também o Espírito Santo para a nossa missão pastoral. 

O Santo Padre, exorta-nos também: “Com a luz e a força do Espírito Santo, construamos uma Igreja fundada no amor de Deus e sinal de unidade, uma Igreja missionária, que abre os braços ao mundo, que anuncia a Palavra, que se deixa inquietar pela história e que se torna fermento de concórdia para a humanidade”.

Na 2ª Leitura, Livro do Apocalipse: (Ap 21,10-14.22-23), o Apóstolo S. João diz que foi transportado a uma alta montanha e teve uma visão da Igreja, a “nova Jerusalém, a cidade santa que descia do Céu da presença de Deus”, em que Cristo, o Cordeiro de Deus é a sua Luz. Também nós subimos a esta montanha da Serra de Aire para que, com Nossa Senhora, nos encontremos com Deus e tenhamos esperança com uma visão inspirada da Igreja que somos na realidade das nossas Dioceses (com Paróquias e Movimentos). No centro da esplanada deste Santuário está uma estátua de Cristo com o seu Sagrado Coração. É inspirador. A Igreja é chamada a purificar-se no Amor de Jesus, a alimentar-se da sua Palavra e a ser fiel à presença do Espírito Santo. 

O Santo Padre, Papa Leão, acrescenta: “sem nos fecharmos no nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo; somos chamados a oferecer a todos o amor de Deus, para que se realize aquela unidade que não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo. (…) esta é a hora do amor! A caridade de Deus, que faz de nós irmãos, é o coração do Evangelho”.

Irmãos e irmãs para testemunhar o Amor de Deus no mundo, a Igreja está desafiada a renovar-se e a aperfeiçoar-se em capacidade de escuta. A escuta de Deus, pela Palavra e pela oração, e a escuta de uns aos outros. Esta cultura sinodal a pôr em prática nas diversas dimensões da Igreja significa que para darmos testemunho do Amor tem de haver verdade, na capacidade de escuta de Deus e uns aos outros. 

Em Fátima, o grande apelo da mensagem é a oração. Nossa Senhora foi orante, contemplativa e muito ativa. Escutou a Deus e tudo o que diziam acerca do seu Filho, acompanha a Igreja desde a primeira hora, fez crescer nos Santos Pastorinhos de Fátima o gosto pela oração e pela salvação do mundo. Por nós, por toda a Igreja e pela paz do mundo, contemos com a sua intercessão e afeto espiritual de Mãe.

+ José Traquina

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