Santarém, 08-01-2023: com Ordenação de dois diáconos: Dionísio Leite e Magney Silveira


Caros irmãos bispos: D. Manuel António, Bispo emérito de São Tomé e Príncipe e D. Inácio Lucas, Bispo de Gurué, Moçambique

Caros Padres e Diáconos, Irmãs Religiosas consagradas

Irmãs e irmãos em Cristo

Caros ordinandos: Dionísio e Magney

Esta celebração da Epifania do Senhor tem a mensagem da universalidade da salvação. O Menino do presépio de Belémnasceu não apenas para o povo de Israel mas também para povos distantes representados nas figuras dos Magos vindos do oriente. O Evangelho que acabámos de escutar é uma narrativa que já inspirou muitos escritores e criadores de arte. Sirvamo-nos desta mensagem catequética, com as personagens dos Magos, tendo em conta a realidade atual e o nosso propósito de fidelidade.

Os Magos seguiram uma estrela. Não seria um astro mas a própria luz inspiradora do Messias que os atraia a percorreremum caminho em busca da concretização de uma promessa. Trata-se da luz da fé; luz que ilumina o interior do coração e da vontade e impele a partir confiantes de que algo de surpreendente nos está reservado a contemplar.

Se podemos e devemos denunciar misérias do nosso tempo, uma delas é a falta de fé e de luz interior. O que dizer de pessoas que não acreditam em nada, nem em sinais nem em ninguém, não tem objetivos na vida, nem nenhuma causa, nenhuma razão motivadora para trabalhar ou mesmo para existir. Sem fé, sem esperança, sem razões de viver, também não se tem estímulo para amar e servir. É necessário uma valorização da vida humana, uma educação integral que valorize as pessoas e as motive à edificação da vida em sociedade. A Igreja, assumindo a missão, é chamada a concretizar e a dar testemunho de esperança, solidariedade e fraternidade cristã.

Os Magos seguiram em grupo. Fazer o caminho juntos, temvantagem de maior segurança e entreajuda para uma caminhada longa. Mas é também a vocação humana: nascemos para caminhar juntos. É um testemunho que é pedido à Igreja porque tem a ver com a sua identidade: caminhar juntos. Trata-se de uma proposta contra corrente ao ambiente cultural do individualismo e da competitividade em que vivemos. Ocaminho a percorrer tem em si o desejo de chegar mais além. Somos um povo em caminho, a vida humana é toda ela uma caminhada a realizar e Jesus identificou-se também como o ‘caminho e a verdade’ a percorrer para termos a vida em plenitude.

Os Magos são amantes da sabedoria e desejam conhecer sempre mais. Em Jerusalém também havia homens sábios e conhecedores da Escrituras, mas não esperavam nada de novo, não contavam com as surpresas de Deus. Os Magos, porém, não se contentam com as explicações e partem para Belém, querem participar da visão e realização das promessas de Deus. Tiveram grande alegria quando de novo viram a estrela. É bom voltar a animar a caminhada da vida com a luz da Fé e acolher a palavra de Jesus: “Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em mim não fique nas trevas” (Jo 12, 46).

Os Magos adoraram o Menino e ofereceram-lhe presentes.Adorar supõe o reconhecimento, a confiança, a contemplação do mistério e o desígnio de Deus que reside naquele Menino. A adoração compromete-nos com aquele que adoramos; somos convidados a tomar parte na sua missão em favor da humanidade. Entretanto, com a alegria da adoração surgem os presentes que expressam a verdade da adoração e também ocompromisso de fé com Aquele que é adorado.

Quando me apresento em oração, que tenho eu para oferecer? Aprendemos que agrada a Deus a oferta de um coração arrependido e desejoso de reconciliação; agrada a Deus a oferta de nós mesmos, unidos a Cristo, a oferta da nossa disponibilidade para pôr em prática a sua palavra.

Os Magos eram estrangeiros, não pertenciam ao povo de Israel. É uma referência especial para o nosso tempo. Vários estrangeiros migrantes entre nós, participaram nas missas de Natal e vieram venerar a imagem do presépio. A Epifania é uma Festa que revela a universalidade da salvação e a fraternidade entre os povos! Como ensina São Paulo aos Efésios e a nós –“…agora foi revelado pelo Espírito Santo (…): os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa em Cristo Jesus, por meio do Evangelho” (Ef 3,2-3.5-6).

A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (Evangelli Gaudium 1);foi o que aconteceu com os Magos. A todos nos é pedido um testemunho alegre da nossa Fé:Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fil 4,4). A alegria é um fruto espiritual que expressa a luz interior da fé e da esperança. Os magos, ‘transformados’ pelo encontro com o Menino de Belém, decidiram proceder de forma a defendê-lo das más intenções de Herodes e voltaram ao seu país por outro caminho.

Irmãos e irmãs, em alegria de Natal com a manifestação de Jesus a todos os povos, temos hoje a Ordenação de dois Diáconos.

Os diáconos, fortalecidos com os dons do Espírito Santo, têm por missão ajudar o Bispo e o seu presbitério no serviço da palavra, do altar e da caridade, mostrando-se como servos de todos. Ministros do altar, proclamam o Evangelho, preparam o sacrifício e distribuem aos fiéis a sagrada comunhão do Corpo do Senhor.

Conforme a nomeação dada pelo Bispo, pertence também aos Diáconos: exortar e formar na doutrina sagrada, presidir às orações, celebrar o batismo, assistir ao matrimónio e abençoá-lo, levar o viático aos moribundos e presidir aos ritos da exéquias.

Caríssimos ordinandos Dionísio e Magney

A cidade sonhada pelo profeta Isaías (1ª Leitura) é a Igreja onde a Luz de Cristo deve brilhar para todos os povos. Colocai-vos ao serviço desta Luz no exercício do ministério. No momento em que vos aproximais livremente da Ordem do diaconado, à semelhança daqueles que, outrora, foram escolhidos pelos Apóstolos para o ministério da caridade, deveis ser homens de bom testemunho no Espírito Santo e cheios de sabedoria. Enraizados e firmes na fé, apresentai-vos irrepreensíveis e puros diante de Deus e dos homens, como convém a ministros de Cristo e dispensadores dos mistérios de Deus. Não vos aparteis da esperança do Evangelho, do qual deveis ser ministros e não apenas ouvintes. Em síntese: no exercício do ministério, Cristo tenha sempre a primazia, procurai ser bons e fiéis servos de Deus, servindo a Igreja, não esquecendo os jovens e as pessoas mais pobres.

Sois naturais de São Tomé e Príncipe, fizestes um longo caminho de vida, já com mais de cinco anos entre nós, até chegardes a este momento da Ordenação de Diáconos na Igreja Diocesana de Santarém. Acolhei o dom que vos habilita como ministros Diáconos, identificados com Cristo, na maneira de viver e no amor e serviço à comunidade. De tal modo que todos vos recebam com um dom de Deus à sua Igreja e ao mundo.

Deus vos conceda a graça de um ministério fecundo, exercido com responsabilidade e experiência alegre de entrega verdadeirae confiante. Contai com a disponibilidade e compreensão destevosso bispo para tratar dos os assuntos que tenham a ver com o percurso futuro do vosso ministério e da vossa vida. Que a vossa Ordenação seja para maior glória de Deus e para bem do seu Povo.

+ José Traquina

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