
Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor (Ano C):
(Sé de Santarém, 13-04-2025)
Irmãos e irmãs
Neste Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, os dois textos do Evangelho que escutámos referem, acerca de Jesus, duas situações próximas mas muito distintas: a entrada de Jesus em Jerusalém aclamado como Rei e Messias e, a contrastar, tudo o que ouvimos de sofrimento na leitura da Paixão narrada por São Lucas.
Na verdade, Jesus assume-se como o Messias prometido e enviado pelo Pai mas rejeita ser um rei deste mundo. Assim, a sua entrada em Jerusalém acontece montado num jumentinho, sinal de humildade associada a grande alegria manifestada por aqueles que o acompanhavam.
–Jesus tinha consciência da sua capacidade de mobilização mas, esse potencial, era uma tentação semelhante ao que escutámos no princípio da Quaresma quando Jesus, no deserto, foi tentado pelo demónio. Também agora Jesus é tentado; podia ter evitado ser encontrado, podia refugiar-se noutro local mais distante. Porém, por fidelidade, resiste à tentação da solução defensiva e opta por uma entrega, sem resistência, pensada em favor da humanidade inteira. Embora tenha aceite as manifestações jubilosas das crianças e jovens que o aclamaram Rei e Messias, Jesus rejeitou o triunfalismo pessoal e abraçou a condição humilde enfrentando a injustiça do mundo.
Na sua Paixão, Jesus revela fidelidade e confiança, sabe que é chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai. Com a sua entrega, quer realizar uma obra que agrada a Deus: atrair todos ao Pai. Perante a injustiça humana, Jesus mantém a sua confiança no Pai a quem deseja entregar toda a humanidade nas suas mãos.
Como ensina São Paulo, “Ele que era de condição divina, não se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si próprio” (Fil 2,6). Sem revolta interior, rejeitando a sua defesa pela violência, Jesus assume a humanidade na situação de maior sofrimento e injustiça, identificando-se com as pessoas mais injustiçadas, abandonadas, não consideradas, não respeitadas, sem valor social. Dá-nos o testemunho da força da oração e entrega-se tão confiante nas mãos do Pai que levou o centurião a concluir: “Realmente este homem era justo”.
Irmãos e irmãs a celebração deste Domingo introduz-nos no mistério da paixão e morte do Senhor. Durante esta Semana, sugiro cinco minutos de silêncio por cada dia diante do Senhor; não é pedir muito para reconhecermos e acolhermos a força e a graça da sua fidelidade. Que esta Semana seja santa pela densidade da Fé, da oração e da união a Cristo.