Celebração em Tomar

XIV  Domingo do Tempo Comum (Ano A)

2023-07-09: Domingo do grande cortejo da Festa dos Tabuleiros – Tomar

Irmãos e irmãs

   Desde a última Festa dos Tabuleiros em Tomar até a atual, passámos por tempos especialmente complicados. Durante mais de dois anos tivemos a pandemia. Lembramos as pessoas que faleceram com a doença covid-19, as famílias confinadas em pequenos espaços, o esforço de quem exercia a sua profissão nos hospitais e instituições sociais na resposta ao cuidado pela saúde das pessoas. O empenho das empresas para conseguirem subsistir. As dificuldades com o encerramento das atividades comerciais, culturais e desportivas. Também as igrejas estiveram fechadas. Entretanto, houve pessoas que puseram em causa a bondade das vacinas, mas foi a solução considerada um êxito no mais breve tempo. Enfim, registou-se um esforço notável de solidariedade, das autarquias, das instituições do Estado e da sociedade, das empresas e de movimentos e serviços com carisma de ajuda.

Quando pensávamos superada a crise da pandemia, surge a guerra na Ucrânia. Uma guerra sem fim à vista e com imagens e informações que facilmente nos influenciam a alimentar ódios escondidos. Num tempo do maior desenvolvimento tecnológico e científico, verificamos que não houve em paralelo um largo desenvolvimento na reflexão ética, económica e política, de modo a que as pessoas se respeitem mutuamente e haja vontade de edificação da justiça e da paz a nível mundial. Como solução, a guerra é desumana e não permite verdadeira vitória para ninguém porque envergonha a humanidade e deixa uma semente de ódio difícil de curar. Entretanto, logo no início da guerra na Ucrânia, veio ao decima o melhor que a humanidade tem: a resposta dos portugueses foi uma grande onda de solidariedade que, de certo modo, ainda se mantém.

 Como ensina a Igreja na sua Constituição Pastoral:“(…) o bem comum do género humano (…) está sujeito a constantes mudanças, com o decorrer do tempo. Por esta razão, a paz nunca se alcança duma vez para sempre, antes deve estar constantemente a ser edificada” (GS 78). Irmãos e irmãs, no respeito pelas diferenças e tendo em conta os critérios apontados pelo Papa João XXIII da  verdade, liberdade, justiça e amor, mantenhamos vivo o lema: ‘A Paz é possível’.

 Como é que Jesus se apresentou como dom de paz? O texto do Evangelho deste domingo (Mt 11,25-30), é uma oração: Jesus bendiz o Pai porque revelou as suas verdades aos ‘pequeninos’; chama ‘pequeninos’ aos que têm disponibilidade para escutar e aprender com Ele. A soberba intelectual não permite a ‘pequenez’, isto é, a condição para escutar e fazer caminho com os outros; é o perigo do individualismo egocentrista em que a pessoa pretende ser o centro do mundo. No Evangelho, a soberba é o complexo de superioridade daqueles que consideravam inútil gastar tempo com o povo, “os pequeninos”,  a ensinar-lhes a libertarem-se do mal que escraviza e torna o coração empedernido.

Jesus termina a oração mas não esquece “os pequeninos”, o povo simples, revelando conhecer a dureza da sua vida: Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. E o Papa Francisco comenta: “O Senhor não reserva esta frase a alguns dos Seus amigos; não, dirige-a a todos aqueles que estão cansados e oprimidos pela vida. […] O Senhor sabe quanto a vida pode ser difícil. Sabe que muitas coisas cansam o coração: desilusões e feridas do passado, pesos a serem carregados e injustiças a suportar no presente, incertezas e preocupações para com o futuro.

 Vinde a Mim. (…) Ele espera por nós, espera-nos sempre, não para resolver magicamente os nossos problemas, mas para nos tornar mais fortes em relação aos nossos problemas. Jesus não nos tira os pesos da vida, mas sim a angústia do coração; não nos suprime a cruz, mas carrega-a juntamente connosco. E com Ele, todo o peso se torna leve”.

 Irmãos e irmãs, na pessoa de Jesus encontramos a mansidão e humildade de coração, encontramos o Amor que o une ao Pai e a força libertadora do Espírito que o habita. E não é outro senão o Espírito Santo. Como testemunhou S. João Batista, Aquele que vem depois de mim, “batizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo” (Lc3,16). É neste Espírito Santo que nas águas do Batismo fomos consagrados como filhos de Deus. Espírito Santo que renova os corações e inspira à promoção dos sinais da sua presença e da esperança de paz para o mundo.

No passado mês de junho, em toda a Diocese de Santarém, portanto também em Tomar, os jovens tiveram consigo o apoio dos adultos na receção e acompanhamento dos Símbolos da Jornada Mundial da Juventude. Pelo esforço, empenho, prontidão e disponibilidade dos jovens, avalio como uma experiência muito positiva que abre à esperança de uma geração de jovens corresponsáveis e crentes na edificação das suas vidas e da sociedade. Entretanto, espera-se que a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, de 1 a 6 de agosto, constitua um sinal de paz e justiça para o futuro do mundo, com a presença de jovens de todos os continentes a escutarem a mensagem do Papa e a cantarem os seus hinos de esperança.

 Hoje, esta cidade de Tomar está repleta de pessoas que para aqui convergiram por causa da Festa dos Tabuleiros. Estamos perante outro grande sinal. A Festa dos Tabuleiros exprime arte, simplicidade e beleza. E porque é assim, há alegria e verdade que permanecem. Por isto, e muito mais, a cidade de Tomar, com a população de todo o concelho, constitui-se como um maravilhoso e grande sinal de paz e alegria para o mundo.

São estes sinais que o mundo precisa e Deus quer que aconteçam, porque são uma Bênção de alegria, de paz e de esperança para todos.

 Deus abençoe e recompense os responsáveis organizadores, as instituições que apoiam e todas as pessoas envolvidas na realização da Festa dos Tabuleiros.

+ José Traquina

Contacte-nos

Geral

Siga-nos

©2021 Diocese de Santarém — Todos os direitos reservados.