XXVIII  Domingo do Tempo Comum (Ano C)

(Homilia na Celebração dos 50 anos da presença dos Missionários Combonianos em Santarém: 09-10-2022)

Caros Irmãos Sacerdotes missionários e Irmãos professos Combonianos

Irmãos e irmãs em Cristo

Vivemos tempos com especiais preocupações. Preocupações com os contra testemunhos de membros da Igreja, referenciados pela comunicação social e preocupações com o futuro da população da Europa e do mundo em virtude de uma guerra sem fim à vista. Temos de continuar em oração, pedir a graça da fidelidade,e fazer a experiência da paz, no meio de preocupações e de dificuldades reais que já se manifestam na gestão da vida das pessoas, famílias e instituições.

A Palavra de Deus neste Domingo exorta-nos a atitude da gratidão para com Deus pelos dons recebidos. Vem muito a propósito neste dia em que damos graças pelos 50 anos da presença e missão dos Combonianos em Santarém.

A Primeira Leitura, do 2º Livro dos Reis (5,14-17), conta-nos a gratidão de um estrangeiro:Naamã, general do exército sírio.

Os sírios eram politeístas, tinham muitos deuses, tinham complexos de superioridade e desejavam dominar Israel, um povo que tinha um só Deus. Numa das tentativas de conquistar Israel, levaram uma jovenzinha como escrava. Tendo ficado leproso, o General Naamã, por influência e sugestão da pobre escrava hebreia, foi para terras de Israel ao encontro do Profeta Eliseu. Pensava ele que o Profeta lhe fazia alguma cerimónia especial, alguma unção, mas Eliseu apenas o mandou banhar-se na água do rio Jordão. Naamã reagiu mal, mas acabou por aceitar e ficou curado.

Como reconhecimento pela cura, Naamã quis darum presente ao profeta Eliseu mas ele não aceitou. Naamã compreendeu que fora curado não pelo profeta mas pelo seu Deus de Israel e decideum gesto de fé e de gratidão: pede para levar terra consigo e poder construir um altar na Síria e assim agradecer ao Deus único de Israel. A doença e a cura levou-o à Fé e à gratidão.

No Evangelho (Lc 17,11-19), dez leprosos procuram não um profeta mas Aquele que os antigos profetas anunciaram: Jesus de Nazaré. Os leprosos eram excluídos da sociedade, não podiam conviver na comunidade. Jesus encheu-os de esperança enviando-os a apresentarem-se ao sacerdote do Templo. Quando estavam a caminho, os dez leprosos ficaram curados mas apenas um, um samaritano, voltou atrás e “prostrou-se de rosto por terra aos pés de Jesus para lheagradecer. Aquele leproso reconheceu que Jesus era a presença de Deus; e Jesus elogiou a e a gratidão daquele samaritano.

O apelo de Jesus é o de reconhecermos as nossas limitações e  de vivermos em ação de graças, louvando e dando glória a Deus por todos os dons recebidos.

Para outras lepras que nos desanimam, a Palavra de Jesus é cura e libertação. Foi o que aconteceu com os discípulos de Emaús, Jesus curou a sua ‘cegueira’ de incapacidade de aceitação da sua morte e eles descobriram-no ao partir do pão. Agrande cura é o reconhecimento do Amor de Jesus Ressuscitado. Cura-nos da auto suficiência e liberta-nos do isolamento egoísta. Por vezes acontece que quando estamos doentes geramos aproximação de Deus e dos outros e quando estamos com saúde, fugimos sem tempo para a aproximação e gratidão. Também os outros nove leprosos, uma vez curados, o que procuraram foi o certificado do sacerdote do templo para permitir a sua convivência na sociedade. Não valorizaram a gratidão para quem os acolheu e curou.

A vida cristã, a vida vivida à luz do Evangelhoexpressa-se em gestos da amor para com os outros e de gratidão para com Deus.

E que motivos temos de gratidão para com Deus?As pessoas que Deus colocou no caminho das nossas vidas!… Temos tantos motivos de gratidão pelas muitas pessoas que na nossa história pessoal são referência e testemunho do cuidado de Deus para connosco.

Hoje agradecemos especialmente pelos cinquenta anos de presença e missão dos Missionários Combonianos em Santarém. Milhares de pessoas, da nossa Diocese e arredores, beneficiaram da pregação, do testemunho e do zelo missionário dos Combonianos. Agradecemos a Deus e agradecemos a esta Congregação missionária. Em nome da Diocese, o Bispo agradece o vosso empenho e testemunho e o de muitos noviços e missionários combonianos que passaram por este vosso espaço em Santarém: muito obrigado.

Também eu me sinto um beneficiário da vossa animação missionária que a partir de Santarém chegou a Évora de Alcobaça. As vossa publicações sempre me impressionavam pela coragem missionária que reportavam dos combonianos em missões distantes.

Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo” (At 1,8). Foi a partir desta passagem dos Atos dos Apóstolos que o Papa Francisco escreveu a sua mensagem para o Dia Mundial das Missões. Chamados não apenas a dar testemunho mas a ser testemunhas, o Papa exorta a todos a retomarem a coragem e a ousadia dos primeiros cristãos para “testemunhar Cristo, com palavras e obras em todos os ambientes da vida”. Mas “ninguém pode dizer: Jesus é Senhor senão pelo Espírito Santo. “Por isso – escreveu o Papa – cada discípulo missionário de Cristo é chamado a reconhecer a importância fundamental da ação do Espírito, a viver com Ele no dia a dia e a receber constantemente força e inspiração d’Ele. Mais, precisamente quando nos sentirmos cansados, desmotivados, perdidos, lembremo-nos de recorrer ao Espírito Santo na oração para nos deixarmos restaurar e fortalecer por Ele, fonte divina inesgotável de novas energias e da alegria de partilhar com os outros a vida de Cristo.

Irmãos e irmãs, continuemos em Eucaristia, ação de graças, gratidão pela fidelidade de Cristo, gratidão pelo testemunho dos missionários Combonianos e, neste culto, reconheçamos a presença de Deus que nos une, nos atrai e nos reforça e renova para assumirmos a vida como uma missão, integrada na missão que Jesus Ressuscitado confiou à sua Igreja. Nossa Senhora, Rainha das Missões, e São Daniel Comboni nos acompanharão.

+ José Traquina

Bispo de Santarém

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