Irmãos e irmãs
Estamos a celebrar a exéquias do Padre Pedro Marques celebrando a Eucaristia. Eucaristia é sempre o Encontro com Cristo, presente no povo que se reúne, no sacerdote que preside, na Palavra proclamada e meditada, na consagração do pão e do vinho, na oração da entrega, na alegria da comunhão, na Bênção para partir em missão.
Aqui estamos com o propósito de súplica, de gratidão e de louvor.
Como acabámos de escutar no Evangelho (Jo17,24-26), Jesus rezou ao Pai pelos seus discípulos. Associou-os no mesmo Amor eterno e indestrutível que n’Ele existia. O Senhor Jesus conferiu aos seus Apóstolos a Missão de continuar a sua presença como reino espiritual no coração de muitos, e como Igreja comunidade que celebra e testemunha a presença do Ressuscitado. Missão transmitida aos sucessores Bispos e destes aos Presbíteros.
Pela pregação da Palavra do Evangelho, o Batismo, o Perdão sacramental, a Eucaristia, o acompanhamento e dedicação pastoral às crianças, aos jovens, às famílias, aos mais idosos e doentes, o sacerdote revela a beleza de uma vida consagrada à promoção da nova vida que Cristo inaugurou. Assim o sacerdote, pela evocação do Espírito Santo sobre ele no sua Ordenação, torna-se um sacramento vivo do Amor Misericordioso de Deus na Igreja e no mundo. Uma vida entregue para que outros conheçam o desígnio de Deus!
Servidor de Deus e do seu Povo, em comunhão com o seu Bispo, o Padre preside à Eucaristia e nela se entrega unido a Cristo à vontade do Pai. O Sacerdote é o Padre: é o Pai espiritual, Pai, Irmão e Amigo. Partilhar assim a vida, ao serviço do Evangelho, é colaborar na humanização do mundo.
Por tudo isto, estamos gratos a Deus por nos ter dado a graça de ter o testemunho do Padre Pedro Marques como sacerdote ao serviço do povo de Deus na Diocese de Santarém.
Pequena partilha pessoal… do Padre Pedro Marques (em 12-12-2020)
“Em pleno tempo de pandemia, (e ainda envolvido pelas inúmeras “caixas”, próprias de quem muda de casa, e de paróquias), recebo um telefonema do nosso Bispo: “Pe Pedro gostava que aceitasses este convite! De propores uma pequena reflexão, para a recoleção de Advento, do nosso presbitério”. A minha primeira resposta interior…, nem pensar, eu? Falar aos padres…, ainda tentei recusar, desculpei-me, mas o nosso Bispo, simplesmente diz: “reza e amanhã confirmas”; certamente queria uma resposta positiva.
Surgiram-me muitas inquietações interiores, contatei alguns colegas, partilhei o convite e, por fim aceitei.
Comecei por rezar o convite, e fui invadido por vários sentimentos e emoções. Partilho só um aspeto que me invadiu o coração desde o primeiro momento:
Habitualmente, em presbitério falamos de vários assuntos, uns recorrentes e inerentes ao nosso ministério pastoral, outras vezes partilhamos inquietações, às vezes, apresentamos outras soluções, contudo raramente falamos de nós. Nas nossas conversas pessoais raramente falamos dos nossos medos, dos nossos anseios mais profundos, das nossas dificuldades sejam elas: espirituais, físicas, psicológicas ou afetivas. Recordei-me do último dia de retiro, em janeiro, no qual o Pe Alberto Brito nos pedia uma partilha da vivência do retiro, deixem-me dizer-vos que achei esse momento do retiro algo de extraordinário, podermos falar de nós, uns diante dos outros e sem medo de sermos julgados, foi fantástico, no meu entender.
Partilhar um momento de oração com o meu presbitério é falar há minha família, e como nas famílias de sangue, os irmãos não se escolhem, acolhem-se e aprende-se a amá-los, aceitando-os como são. Não há muito a esconder porque nos vamos conhecendo e aprendemos a conhecer-nos, e desta forma, aceitamos as limitações e beneficiamos com os dons de cada um”.
Irmãos e irmãs, como ouvimos na Leitura de São Paulo aos Romanos (Rom 5,5-11) “a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. O Padre Pedro, servindo-se de várias citações do Papa Francisco,desenvolveu uma meditação com base em duas palavras: Escutar e Amabilidade. E termina identificando onde está a sua Esperança. Volto a citá-lo:
“Em Tempo de Advento, com Maria, peçamos ao Senhor a graça e o desejo de aprendermos a Escutar e a cultivar entre nós, a Amabilidade. Gostaria de terminar com uma simples oração:
Senhora da Escuta e da Prontidão,
concede a estes teus filhos,
a simplicidade e disponibilidade para escutar,
e a prontidão para servir.
Mãe Amável intercede por nós, teus filhos,
ensina-nos à Tua amabilidade,
nos momentos de cansaço, fortalece-nos,
na tristeza, ampara-nos,
e no desânimo, sê a nossa esperança.
Ámen”.
Obrigado Padre Pedro
+ José Traquina