Sé de Santarém,

08/12/2024

Irmãos e irmãs

 Com esta solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria, celebramos a digna morada que Deus preparou para o seu Filho. Foi em atenção à vinda do Filho de Deus que a Virgem Maria foi escolhida e preparada. Desde o início da Igreja, a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo afirmada no credo dos cristãos, levou a outras considerações de fé relativamente à vida e missão de Maria, Mãe do Senhor. Além da afirmação de que ela é Mãe de Deus, porque é Mãe do Filho de Deus, também o povo de Deus foi cultivando a convicção de que a Virgem Maria foi concebida sem contágio do pecado. Divulgou-se de tal modo esta convicção no Povo de Deus, que o Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854, faz hoje precisamente 170 anos, proclamou a Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria como verdade dogmática a ser reconhecida por todos os cristãos católicos.

Muito antes do Papa Pio IX, já
em Portugal havia a consideração pela Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria. Com este título, foi proclamada Rainha de Portugal em 1646.

Esta solenidade tem a marca da alegria cristã pelo reconhecimento da realização das promessas de Deus. Vejamos.

 A Leitura (Gen 3,9-15.20) fala-nos da preocupação de Deus perante o pecado de Adão e Eva. Não foram fieis, não confiaram, e Deus foi à sua procura: “Onde estás?”. Adão justifica-se perante Deus; foi infiel porque foi influenciado pela companheira e Eva justifica-se, foi enganada pela serpente. Esta passagem fala-nos de um assunto difícil: a origem do mal! A serpente representa um poder de influência que engana a pessoa humana, representa o maligno, ou demónio.

  É uma influência que desvirtua o projeto de Deus. O demónio, representado na serpente, introduziu na mente humana uma possibilidade de decidir a vida com uma solução aparentemente brilhante, mas que é enganosa e continua a ser praticada: essa solução chama-se a mentira. Perante o projeto inicial de Deus criador, aconteceu: rejeição, egoísmo, auto suficiência. O homem Adão pôs de parte a instrução do Criador e aceitou a mentira do demónio como uma possibilidade de se tornar grande e com isso tornou-se distanciado de Deus.

Porém, Deus não desistiu e responde com uma promessa. Promete que um dia uma mulher havia de proceder com fidelidade, com verdade e vencer o tentador mentiroso. Deus anuncia a vitória futura do bem sobre o mal, uma vitória da sua bondade e da fidelidade humana.

  É com a Santa Maria, Senhora da Imaculada Conceição, que vemos realizada a promessa e retomado o Plano de Deus para a humanidade. A serpente, símbolo do mal e da mentira que atingiu Eva, aparece submetida à Virgem Maria; é o que vemos representado na imagem da Imaculada Conceição com uma serpente sob os pés. Assim,na Virgem Maria, a cheia da graça de Deus, vemos assegurada a Vitória do bem e da verdade sobre o mal e a mentira.

 Na 2ª leitura, São Paulo aos efésios (1.3-6.11-12), o Apóstolo indica o projeto de Deus a nosso respeito: “Deus escolheu-nos desde a criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença”. Há o desígnio de Deus a nosso respeito que vem desde sempre e que, por Jesus Cristo, nos foi revelado e n’Ele fomos consagrados filhos adotivos de Deus, herdeiros da mesma graça divina que estava na Virgem Mãe, Senhora da Conceição. Isto é, Deus também nos conhece individualmente e também nos chamou a fazer parte da sua vitória sobre mal e a mentira. Temos o mesmo Espírito Santo, força do bem de Deus, e por isso, apesar  sabe frágeis e imperfeitos, não estamos condenados a ser escravos da mentira e do demónio mentiroso.

 Do Evangelho de São Lucas, podemos sublinhar a saudação do Anjo que nós repetimos todos os dias: Avé, ó cheia de graça o Senhor está contigo (Lc 1,28). Ela é plenamente habitada por Deus desde que foi concebida. É a cheia de graça de Deus, é plena de graça, é a Senhora das graças, a Auxiliadora e advogada dagraça a favor dos filhos de Deus; graça é o Amor caridoso de Deus que nela se encontra. Tudo nos é dado por Cristo, mas a Mãe, a Imaculada Conceição é a Medianeira de todas as graças.

 A Virgem Maria, Senhora da Conceição, manifestou ao longo do tempo da Igreja querercorresponder à missão que o Seu Filho lhe deu na cruz do calvário: ser a Mãe dos seus discípulos. Neste sentido, reconheçamos como o Papa Francisco: “Temos Mãe”. É nesta experiência espiritual de ternura maternal que muitos de nós cristãos encontramos refúgio e amparo nos desafios da missão da vida.

 Recebemos da Virgem Mãe, Senhora da Imaculada Conceição, Padroeira da nossa Diocese e Rainha de Portugal, o testemunho de liberdade e de Fé: disse SIM ao Plano de Deus e Jesus nasceu! O Sim da Igreja, o nosso Sim de cristãos, deve ser também para que Deus chegue onde quer chegar; nasça onde quer nascer, para bem do mundo.

 Confiemos à intercessão da nossa Padroeira, o presente e o futuro da nossa Diocese de Santarém e tudo o que é desafiante na vida de toda a população na sociedade de que fazemos parte: as crianças, os jovens, os adultos, as pessoas idosas, os doentes, as pessoas com deficiência, os estrangeiros que vivem entre nós, os mais pobres e os doentes, as empresas, as escolas, as instituições sociais e as autarquias. Olhemos para tudo e para todos com os olhos e o coração de Deus, pondo em prática a Palavra do Evangelho. Alegremo-nos, Nossa Senhora acompanha-nos.


+ José Traquina

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