Sé de Santarém,19-03-2024

Dia do Pai

Irmãos e irmãs

Não temos muita informação bíblica acerca de São José mas as referências que temos e o que o Espírito Santo inspirou posteriormente, já nos diz muito acerca do Patrono de Santarém e Patrono universal da Igreja. Acolhamos a informação da Palavra de Deus proclamada.

A 1ª Leitura, do Segundo Livro do Profeta Samuel(7.4-5ª.12-14ª.16), dá-nos os elementos históricos da promessa feita ao rei David, rei de quem José, esposo de Maria, era descendente.

Não conhecemos de José nenhuma reivindicação de título monárquico. São José surge como um homem simples e pobre, um homem que deseja ser homemcom capacidade de trabalho e sentido de responsabilidade. O seu objetivo é isso mesmo:assumir-se como um homem responsável, constituir uma família a viver na proximidade com outras famílias.

São José assume-se como um homem sóbrio, semcomplexos de superioridade, com vontade de trabalhar e vir a ser um bom esposo e um bom pai.

Tendo assumido o seu compromisso esponsal com Maria, importa acrescentar um dado da sua identidade: José era um homem crente.

Na 2ª Leitura, da Carta de São Paulo aos Romanos (4,13.16-18.22), o Apóstolo refere o testemunho de Fé de Abrão, o primeiro dos patriarcas bíblicosconhecido como o pai da Fé, e a promessa de que a sua descendência havia de manter o dom da Fé em Deus. Portanto, às virtudes humanas de José acresce a virtude da Fé na sequência da promessa feita aoPatriarca Abraão. Isto é, São José, é o último dos Patriarcas da Fé antes de Jesus nascer.

O Evangelho informa com clareza que Maria, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José,que era justo e não queria difamá-la resolveu repudiala em segredo. Veja-se o pormenor: não queria difamá-la. O evangelista registou que assim José decidiu porque era justo, isto é, é um homem santo. E por isso, resolveu repudiala em segredo e remeter-se ao silêncio.

Em São José contemplamos o homem que faz silêncio. Não um silêncio para ficar no vazio, mas um silêncio à luz da Fé para discernir como vai gizar e proceder no caminho a seguir. O silêncio permite algo de maravilhoso: Deus fala no silêncio interior de cada pessoa. Quantos problemas se resolveriam bem se houvesse silêncio.

É no silêncio confiante de José que Deus vai ao seu encontro, não apenas para lhe revelar o mistério da gravidez de Maria mas para o chamar a uma missão que ultrapassava tudo o que ele podia imaginar. José, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Está aqui declarada a grande vocação de José: é chamado a seresposo de Maria e a dar o nome ao Manino, isto é, a assumir-se como Pai.

Assim aconteceu e São José, homem pobre mas de grande beleza interior pela sua educação, grande fé e capacidade de trabalho, foi um bom Pai para Jesus, com a graça do amor que Deus colocou no seu coração.

Hoje, Dia de São José, é dia de valorizar a figura do Pai, o pai que procura corresponder à sua responsabilidade e missão. Como consta na mensagem dos Bispos portugueses: O Dia do Pai, momento de paragem para filhos e pais dando asas ao coração e a tudo o que ele sugerir. Ousemos ser concretos e audazes. Não tornemos o amor como algo meramente repetitivo e marcado por gestos impostos pela sociedade do consumo. Algo material e de momentos. Apostemos no permanente de um ambiente familiar, tornando-o mais acolhedor, simpático, gentil, com menos palavras, talvez invisível, mas carregado do que verdadeiramente permanece para além de um dia comemorativo.

A concluir confiemo-nos à intercessão de São José por todos os pais, por todas as famílias, e aqui, especialmente, pelo concelho de Santarém. Homem de Fé, de trabalho, de silêncio, de ternura, protetor da vida e da família. São José confiou e fez o que Deus lhe pediu: trabalhar e proteger aquele Menino e a sua Mãe. Teve de enfrentar diversas dificuldades, mas tudo na sua vida foi luminoso e inspirado.

São José, no seu silêncio, paciência e santidade, havia de tornar-se o Padroeiro universal da Igreja, uma grande referência que Deus nos oferece para interceder por nós e inspirar-nos na edificação da vida: a acreditar, trabalhar, defender e caminhar com esperança.

+ José Traquina

 

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