Papa Francisco deu início ao Sínodo dos Bispos
Papa pede Igreja «diferente», mais aberta e dialogante

O Papa inaugurou no Vaticano a sessão de abertura do processo sinodal 2021-2023, pedindo uma Igreja “diferente”, que supere “visões verticalizadas, distorcidas e parciais”, com mais abertura e diálogo.

“Quando falamos duma Igreja sinodal, não podemos contentar-nos com a forma, mas temos necessidade também de substância, instrumentos e estruturas que favoreçam o diálogo e a interação no Povo de Deus, sobretudo entre sacerdotes e leigos”, disse, perante centenas de participantes reunidos na Sala do Sínodo.

Francisco defendeu a mudança estrutural para uma Igreja “sinodal”, como “um lugar aberto, onde todos se sintam em casa e possam participar”.

“O Sínodo oferece-nos a oportunidade de nos tornarmos uma Igreja da escuta: uma Igreja da proximidade, que estabeleça, não só por palavras mas com a presença, maiores laços de amizade com a sociedade e o mundo”, indicou.

O discurso destacou a diversidade de proveniência dos participantes, vindos de vários países, incluindo Portugal, e convidou a um “discernimento” sobre o tempo atual, que torne a Igreja solidária com os “cansaços e anseios da humanidade”.

Francisco apresentou três “palavras-chave” para o Sínodo 2021-2023: “comunhão, participação, missão”.

“Comunhão e missão correm o risco de permanecerem termos algo abstratos, se não se cultivar uma práxis eclesial que exprima a sinodalidade no concreto de cada etapa do caminho e da atividade, promovendo o efetivo envolvimento de todos e cada um”, apontou.

Para o Papa, está em causa a necessidade de promover um modo de agir “caraterizado por verdadeira participação” de todos os batizados.

“Todos somos chamados a participar na vida da Igreja e na sua missão. Se falta uma participação real de todo o Povo de Deus, os discursos sobre a comunhão arriscam-se a não passar de pias intenções”, precisou.

O Papa falou do Sínodo como uma “grande oportunidade para a conversão pastoral em chave missionária e também ecuménica”, mas admitiu que também existem “riscos”, pedindo que este não seja um acontecimento de “fachada” ou uma espécie de “grupo de estudo”.

“Reforço que o Sínodo não é um Parlamento, um inquérito de opinião, o Sínodo é um momento eclesial, o protagonista do Sínodo é o Espírito Santo”, declarou.

A intervenção apelou ainda à superação do “imobilismo”, que levaria a aceitar “soluções velhas para problemas novos”.

“É importante que o caminho sinodal seja verdadeiramente tal, que seja um processo em desenvolvimento; envolva, em diferentes fases e a partir da base, as Igrejas locais, num trabalho apaixonado e encarnado, que imprima um estilo de comunhão e participação orientado para a missão”, apontou.

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