Carta Apostólica ‘In unitate Fidei’

Leão XIV publicou neste Domingo de Cristo Rei, a carta apostólica ‘In unitate Fidei’ (Na unidade da Fé), por ocasião dos 1700 anos do Concílio de Niceia, pedindo que os cristãos sejam “sinal de paz e instrumento de reconciliação”.

“O amor a Deus sem o amor ao próximo é hipocrisia; o amor radical ao próximo, sobretudo o amor aos inimigos, sem o amor a Deus, é um heroísmo que nos oprime e esmaga. No seguimento de Jesus, a ascensão a Deus passa pelo abaixamento e pela dedicação aos irmãos e irmãs, sobretudo aos últimos, aos mais pobres, abandonados e marginalizados”, escreve o Papa, a poucos dias de iniciar a sua primeira viagem internacional, à Turquia e ao Líbano (27 de novembro a 2 de dezembro).

No documento divulgado este domingo, solenidade de Cristo Rei, o pontífice assinala que “na unidade da fé, proclamada desde os primórdios da Igreja, os cristãos são chamados a caminhar em concórdia, guardando e transmitindo com amor e alegria o dom recebido”.

Leão XIV sublinha que a viagem à Turquia, lugar onde decorreu o primeiro concílio ecuménico em 325, visa encorajar “um renovado impulso na profissão da fé”, recordando que o Credo formulado em Niceia constitui “património comum dos cristãos”.

O Concílio de Niceia teve a missão de preservar a unidade da Igreja, perante correntes teológicas que negavam a plena divindade de Jesus Cristo e a sua igualdade com o Pai, reunindo cerca de 300 bispos, convocados pelo imperador Constantino, a 20 de maio de 325.

Leão XIV recorda esse contexto histórico, particularmente a heresia de Ário, que negava a divindade de Cristo, e reafirma a atualidade da definição dogmática de que Jesus é “consubstancial” ao Pai.

O documento estabelece uma ligação direta entre a profissão da fé e a caridade, rejeitando a ideia de um Deus distante.

“O Credo Niceno não nos fala de um Deus distante, inatingível, imóvel, que repousa em si mesmo, mas de um Deus que está perto de nós”, refere o texto.

Leão XIV apela a um exame de consciência sobre a coerência da vida cristã, questionando se os fiéis tratam a criação com reverência e se estão dispostos a partilhar os bens “de forma justa e equitativa”.

O Papa destaca o “altíssimo valor ecuménico” desta celebração, lembrando que o Credo Niceno-Constantinopolitano é partilhado por católicos, ortodoxos e protestantes.

“O que nos une é muito mais do que o que nos divide”, sustenta, defendendo um ecumenismo “voltado para o futuro”, que não seja apenas um regresso ao passado, mas uma “reconciliação no caminho do diálogo”.

“A unidade sem multiplicidade é tirania, a multiplicidade sem unidade é desintegração”, alerta.

Leão XVI recorda o documento da Comissão Teológica Internacional, ‘Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador. O 1.700º aniversário do Concílio Ecuménico de Niceia’, aprovado este ano, sublinhando as “perspetivas úteis para aprofundar a importância e a atualidade não só teológica e eclesial, mas também cultural e social” deste acontecimento histórico.

A carta encerra-se com uma oração ao Espírito Santo, pedindo o dom da unidade “para que o mundo acredite”.

📷 Vatican News

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