O Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF) publicou nesta terça-feira 4 de novembro, a nota doutrinal sobre a Virgem Maria, em que se rejeita a proposta de um quinto dogma mariano, defendido por vários teólogos e outros responsáveis católicos, o título de “correndetora”.
“Levando em consideração a necessidade de explicar o papel subordinado de Maria a Cristo na obra da Redenção, é sempre inoportuno o uso do título de Corredentora para definir a cooperação de Maria. Este título corre o risco de obscurecer a única mediação salvífica de Cristo e, portanto, pode gerar confusão e desequilíbrio na harmonia das verdades da fé cristã”, indica o texto, intitulado ‘Mater Populi fidelis’ (Mãe do Povo Fiel).
O título de “corredentora” é abordado dos pontos 17 a 22, recordando que o Concílio Vaticano II o evitou e que o então cardeal Joseph Ratzinger (futuro Papa Bento XVI) considerou, em resposta a um pedido do movimento ‘Vox Populi Mariae Mediatrici’ para uma definição do dogma de Maria como corredentora ou medianeira de todas as graças que “o significado preciso dos títulos não é claro e a doutrina neles contida não está madura” (1996).
A nota recorda também a posição “claramente contrária” do Papa Francisco, segundo o qual Maria “nunca se apresentou como corredentora”, mas como “discípula”.
Relativamente ao título “Medianeira”, abordado nos pontos seguintes, a nota recorda a afirmação bíblica “perentória” de que Cristo é o único mediador.
“O cardeal Ratzinger expressou que o título de Maria medianeira de todas as graças não era claramente fundado na Revelação, e em sintonia com essa convicção podemos reconhecer as dificuldades que este título implica tanto na reflexão teológica como na espiritualidade”, observa a DDF.
O documento admite, no entanto, que existe um uso muito comum da palavra “mediação” nos mais diversos âmbitos da vida social, onde é entendido simplesmente como “cooperação, ajuda, intercessão”.
Esta cooperação é entendida como uma intercessão e uma “ajuda materna”, que “de modo algum ofusca ou diminui” a centralidade de Cristo.
A nota defende que se evitem os títulos e expressões referidas a Maria que a apresentem como uma espécie de “para-raios” diante da justiça do Senhor, como se “fosse uma alternativa necessária diante da insuficiente misericórdia de Deus” e alude também ao título “Mãe da graça”.
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📷 Vatican Media