O Papa alertou nesta sexta-feira 3 de outubro, para a solidão dos idosos, na Igreja e na sociedade, criticando os discursos que desvalorizam os mais velhos e promovem um choque de gerações.
“Onde os idosos estão sozinhos e descartados, é preciso levar a alegre notícia da ternura do Senhor, para vencer, juntamente com eles, as trevas da solidão, grande inimiga da vida dos idosos. Que ninguém seja abandonado! Que ninguém se sinta inútil!”, disse, falando aos participantes no II Congresso Internacional de Pastoral dos Idosos, promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida (Santa Sé).
A iniciativa decorre em Roma, até sábado, com o tema ‘Os vossos idosos terão sonhos’.
“O tema do Congresso remete para as palavras do profeta Joel, tão caras ao Papa Francisco, que falou frequentemente da necessidade de uma aliança entre jovens e idosos, inspirada pelos sonhos de quem viveu muito tempo e fecundada pelas visões de quem inicia a grande aventura da vida”, indicou Leão XIV.
O Papa lamentou que, atualmente, as relações entre as gerações sejam “marcadas por fraturas e oposições, que colocam uns contra os outros”.
“Os idosos são questionados por não deixarem espaço aos jovens no mundo do trabalho, ou absorverem demasiados recursos económicos e sociais em detrimento das outras gerações, como se a longevidade fosse uma culpa”, advertiu.
O discurso de Leão XIV, divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé, sublinhou que o número crescente de idosos é um fenómeno histórico “inédito”, que convida a um “novo exercício de discernimento e compreensão”.
“A mentalidade predominante hoje tende a valorizar a existência se ela produz riqueza ou sucesso, se exerce poder ou autoridade, esquecendo que o ser humano é uma criatura sempre limitada e necessitada. A fragilidade que aparece nos idosos lembra-nos esta evidência comum: por isso é escondida ou afastada por aqueles que cultivam ilusões mundanas”, prosseguiu.
O Papa, que completou 70 anos de idade a 14 de setembro, observou que há falta de preparação para abraçar a idade mais avançada.
O coordenador da Serviço Nacional da Pastoral dos Idosos (SNPI), da Conferência Episcopal Portuguesa, revelou que a equipa desta estrutura “está em constituição” e que vai ter elementos de diferentes setores.
“O primeiro passo que eu tenho estado a fazer é constituir uma equipa, que seja ela também com carácter multidisciplinar no sentido de gente que trabalha nas mais diversas áreas”, afirmou o padre Francisco Ruivo, sacerdote da nossa Diocese a participar neste encontro.
“Tem de ser uma pastoral transversal, neste diálogo intergeracional que é importante”, sublinhou em entrevista.
“Falta também aqui um casal ainda”, refere o também assistente do Departamento Nacional da Pastoral Familiar, adiantando que já tem alguns em mente, mas que ainda se encontra em “processo de discernimento”.
“Cada um [dos elementos da equipa] terá uma sensibilidade diferente, e creio que é este conjunto de sensibilidades que nos há de ajudar também a ter uma resposta mais cabal, mais completa”, destacou à Agência Ecclesia.
Depois da constituição da estrutura, o SNPI tem a intenção de “sensibilizar as dioceses” e perceber o que é que existe em cada uma, procurando depois organizar um encontro com um representante diocesano.
Procurando desenvolver este novo serviço, o padre Francisco Ruivo participou, em conjunto com o diretor do Secretariado Nacional do Apostolado dos Leigos e da Família (SNALF), José Ribeiro da Cruz, no II Congresso Internacional da Pastoral dos Idosos, que decorre de 2 a 4 de outubro, na cidade italiana de Roma.
adaptado de Agência Ecclesia
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