O Papa desafiou neste domingo 28 de setembro, os catequistas de todo o mundo, que celebraram o seu Jubileu no Vaticano, a uma atenção particular por quem sofre, por causa da pobreza e da violência.
“Às portas da opulência jaz hoje a miséria de povos inteiros, atormentados pela guerra e pela exploração. Com o passar dos séculos, parece que nada mudou”, disse Leão XIV, na Missa a que presidiu na Praça de São Pedro, perante dezenas de milhares de pessoas.
Após a homilia, o pontífice instituiu como catequistas 39 leigos e leigas de 16 países, incluindo Rita Santos, de Lisboa, e Elisabete Nunes, de Aveiro.
Os catequistas instituídos neste ministério receberam do Papa o crucifixo como “sinal da sua vocação especial”.
O grupo incluía responsáveis da Itália, Espanha, Inglaterra, Brasil, México, Índia, Coreia do Sul, Timor-Leste, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Estados Unidos, Moçambique, Brasil, Peru e República Dominicana.
A homilia partiu da passagem do Evangelho de São Lucas proclamada em todas as comunidades, na qual Jesus apresenta uma reflexão sobre pobreza e riqueza, com destaque para um pobre, chamado Lázaro.
“[Lázaro é esquecido por quem está à sua frente, mesmo à porta de casa, no entanto Deus está perto dele e lembra-se do seu nome. Não tem nome, porém, o homem que vive na abundância, porque se perde a si mesmo, esquecendo-se do próximo”, advertiu.
O Papa apontou as tentações da “ganância” e da “indiferença” perante o sofrimento alheio, apresentando o Jubileu como “tempo de conversão e perdão, de empenho pela justiça e de busca sincera da paz”.
Citando o Papa Francisco, Leão XIV convidou os católicos a dar-se a si mesmos “pelo bem de todos”.
“O Evangelho anuncia-nos que a vida de todos pode mudar, porque Cristo ressuscitou dos mortos. Este acontecimento é a verdade que nos salva: por isso, deve ser conhecida e anunciada. Mas não basta. Deve ser amada: é este amor que nos leva a compreender o Evangelho, porque nos transforma, abrindo o coração à palavra de Deus e ao rosto do próximo”, acrescentou.
Em maio de 2021, o Papa Francisco decidiu instituir o ministério de catequista, na Igreja Católica, através da carta apostólica (Motu Proprio) ‘Antiquum ministerium’.
A decisão diz respeito a homens e mulheres que não pertencem ao clero nem a institutos religiosos, reconhecendo de forma “estável” o serviço que prestam na transmissão da fé, “desempenhado de maneira laical como exige a própria natureza do ministério”.
Leão XIV disse esta manhã que os catequistas devem ser “uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a própria vida”.
“O anúncio da fé não pode ser delegado a outros, mas acontece no lugar onde vivemos. Em primeiro lugar, nas nossas casas, à volta da mesa: quando há uma voz, um gesto, um rosto que conduz a Cristo, a família experimenta a beleza do Evangelho”, indicou.
O Papa assinalou que a fé comum, indicada no catecismo, “protege do individualismo e das discórdias”.
“Quando educamos na fé, não damos uma lição, mas plantamos no coração a palavra da vida, para que ela dê frutos de vida boa”, prosseguiu.
O Jubileu dos Catequistas decorreu em Roma desde sexta-feira, reunindo mais de 20 mil peregrinos de 115 países.
Mais de 800 catequistas de Portugal estiveram presentes, em representação das dioceses do país.
Adaptado de Agência Ecclesia
📷 Vatican Media