O pós JMJ Lisboa 2023

Artigo em forma de testemunho partilhado com a Agência Ecclesia – por António Dinis, estudante

A minha participação na organização das JMJ começou no início de 2020, no grupo de trabalho responsável por acompanhar as paróquias da Vigararia de Santarém na sua preparação espiritual e logística para a grande semana das jornadas. Já em 2023, o foco dos trabalhos passou a ser a transformação do centro de exposições de Santarém (CNEMA) num espaço de acolhimento para 4000 peregrinos. Nestas duas experiências, tive a oportunidade de assistir e participar no caminho percorrido pelas equipas das várias paróquias da Vigararia de Santarém desde o momento da sua formação, quando o mês de agosto de 2023 parecia ainda bastante distante, passando pelo embate com a realidade, forçado pela exigência dos trabalhos logísticos, e que culminou na excecional receção de peregrinos estrangeiros e nacionais nas nossas paróquias.

O caminho de preparação fica, sem dúvida, marcado por uma entrega generalizada à organização que alimentou o sentido de comunidade, verificado na criação e fortalecimento de laços entre pessoas de diferentes locais, idades e movimentos. Já o sentido de serviço impressionou-me particularmente pelo seu foco no acolhimento, partilhado pelos vários voluntários, peregrinos e, especialmente, pelo Papa Francisco.

Começo esta reflexão com um olhar para a minha cidade, ou melhor, a minha Vigararia. Entre as paróquias de Pernes e Valada, pude maravilhar-me com a diversidade presente na comunidade local que, estando sempre presente, não tinha tido a sorte de conhecer até então. Foi entre estas paróquias que rapidamente se formou um grupo de cerca de uma centena de jovens e adultos com diferentes percursos dentro e fora da igreja. 

A heterogeneidade do grupo enriqueceu o percurso, tanto do ponto de vista funcional da organização, como do ponto de vista pessoal de cada um. Entre as várias características presentes, saliento a riqueza da cooperação entre diferentes movimentos, motivados por uma causa comum. Desta convivência destaco as partilhas de diferentes vivências da espiritualidade, as brincadeiras e jogos característicos, ou o conhecimento adquirido nas atividades de cariz nacional e internacional. 

A riqueza do grupo foi também alimentada pela entreajuda entre várias gerações, que se complementaram com as suas diferentes mais-valias. A entrega dos mais velhos marcou-me particularmente pela sua disponibilidade para as mais variadas tarefas, podendo destacar o grupo de adultos presente na cidade de Santarém e no CNEMA que, ao longo da semana das Jornadas, se organizaram de forma que todos os jovens voluntários da cidade pudessem assistir às celebrações com o Papa Francisco no Parque Tejo.

O caminho de preparação concretizou-se quando foi partilhado por todos os peregrinos que vieram viver as Jornadas em Portugal. A abertura aos outros a partir do seu acolhimento nas nossas casas foi, de facto, transformador. No entanto, impressionou-me particularmente a importância do sentido de acolhimento ao longo de todo o caminho. Desde a organização, onde todos eram precisos e bem-vindos, ao acolhimento mesmo dos que não estavam presentes fisicamente, a partir das variadas referências aos povos em guerra e aos migrantes (entre outros grupos), que o Papa Francisco lembrou repetidamente.

Assim, aceitando a incapacidade de retirar deste encontro tudo o que ele tinha para dar, procuro levar para o futuro a importância de valorizar a comunidade local e contribuir para o fortalecimento dos seus laços, mantendo sempre as portas abertas aos que vêm de fora e aos que, estando perto, não se sentem chamados a participar.

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