Artigo de opinião em parceria com a Agência Ecclesia – Ricardo Dias, Coordenador do COP Cartaxo, Diocese de Santarém
Já se ouve o eco dos milhares de vozes a cantarem: “Todos vão ouvir a nossa voz, levantemos os braços, há pressa no ar.” Caminhamos a passos largos para o grande evento na qual todos ansiamos, trabalhamos e preparamos desde 2021: a Jornada Mundial de Juventude (JMJ) Lisboa 2023.
Um evento que pela sua dimensão, e consequente logística inerente, a primeira coisa que pensamos ou ouvimos, é algo do género: “Impossível! Não vamos conseguir! Isto não é para nós…pode correr mal…”. No âmbito paroquial, onde me encontro ao serviço da JMJ, não tem sido, de facto, fácil. Estamos na linha de frente, no terreno, a dar a cara junto das pessoas, das famílias, das entidades, das instituições, de toda a comunidade. Somos para elas o rosto da JMJ. Recebemos das estruturas superiores todas as indicações e passos a dar, mas onde a dependência é recíproca, pois, apesar do nosso rumo depender das indicações que recebemos, também a logística central da JMJ depende diretamente do nosso desempenho a nível local. Consequentemente, o peso da responsabilidade que nos é depositada, é enorme, e não, não estávamos preparados para ela. Existe uma grande carga de trabalho, de responsabilidades, de dinâmicas, de conhecimentos, de prazos a cumprir, e tantas outras coisas. É neste contexto, que o pensamento que nos invade desde o primeiro momento, não só é o mesmo, mas como a cada passo, a cada novo objetivo é intensificado. Posto isto, como lidamos com este sentimento de incapacidade e pequenez, sem desistir a meio do caminho?
Se o encararmos de forma mais pessoal, centrada em nós mesmos, por desgaste físico e emocional, acabamos por desistir ou desleixar por exaustão e desmotivação. Por outro lado, podemos fazer-nos valer de uma equipa, onde as responsabilidades são partilhadas por todos. Fazendo este caminho de preparação juntos e unidos, começaremos a sentir que o todo começa a ser maior que a soma das partes. Sentimos que uma nova criação começa a surgir.
É um processo longo, demoroso, que se faz passo a passo, em equipa, onde cada um vai desempenhando o seu papel. Portanto, a forma de fazer este caminho com ânimo e alegria é sem dúvida a do trabalho em equipa. Tem sido uma experiência de crescer em comunidade, de fazer caminho juntos, lado a lado. Temos vivenciado verdadeiramente a experiência de ser Igreja. Somos todos diferentes, cada um com as suas fragilidades e potencialidades, mas com um espírito de irmandade uns com os outros, onde o que importa é remar no mesmo sentido e ao ritmo de todos. Isto tem pressuposto o apoio nas quedas e fracassos, bem como a partilha da alegria das vitórias, de tal forma que o grande fruto deste caminho conjunto tem sido a nossa amizade, fortalecida por uma mesma fé em Jesus Cristo, cada vez mais vivida.
É exatamente a partir daqui, do caminhar unidos, nestas amizades em Cristo, em Igreja, que observo o próprio Jesus a trabalhar como voluntário permanente na JMJ Lisboa 2023. E percebo como sempre esteve, desde o início, 24 sobre 24 horas. Ele foi o primeiro a entregar-se inteiramente a este projeto e a chamar-nos pelo nosso nome para o ajudarmos. É esta a verdade que veio iluminar e encher de sentido toda esta missão que nos é confiada. Estamos apenas a ajudar este voluntário e a responder aos Seus apelos. É Ele quem mais exige de nós, mas, ao mesmo tempo, é Ele quem mais nos tranquiliza e nos enche de um fogo e de um ardor no coração que nos impele a irmos mais além. E assim executo a minha missão, não com as minhas capacidades e forças, não por minha autoria, mas “apenas” com aquilo que Ele me dá: a Sua força, a Sua determinação, a Sua energia, a Sua paciência, a Sua bondade e a Sua tranquilidade. Saiba eu acolher tal generosidade, para que não seja eu a viver, mas o próprio Cristo a viver em mim. Dessa forma, eu serei apenas aquilo que sou destinado a ser: Seu instrumento. Seja rosto, pés, mãos ou lábios. E assim continua ainda o eco que se ouvia no início: “Jesus vive e não nos deixa sós: Não mais deixaremos de amar”.
Deixa-me dizer-te que Jesus não só estará como peregrino na JMJ, como ele próprio já cá está como voluntário. Asseguro-te que Ele já cá está! Está atento, prepara-te, escuta, reza, porque a qualquer momento Ele vai passar-te ao lado e falar contigo. Seja na tua equipa de trabalho (COL, COD, COV ou COP), no teu grupo de jovens, nas pessoas da sessão de esclarecimento, no novo voluntário paroquial, na nova família de acolhimento, na reunião com o presidente de determinada instituição: Ele vai lá estar e dar-te sinal da Sua presença.
Assim, apressa-te a inscrever o teu coração como espaço de acolhimento a Jesus Cristo! Quer sejas membro de alguma equipa, voluntário, família ou peregrino, Jesus quer entrar no teu coração e transformar-te na tua melhor versão de ti mesmo! Jesus anda por aí e espera por ti onde quer que te encontres. Por muita inércia, controvérsia, silêncio ou cansaço que haja, Ele, e só Ele, é a garantia do sucesso da JMJ, que pode começar, agora, em ti.