O Bispo de Santarém presidiu no domingo 2 de abril, à celebração com que se iniciou a Semana Santa, a Missa de Domingo de Ramos na Paixão do Senhor.
A celebração teve início na Igreja de São Nicolau na cidade, com a benção dos ramos e a escuta do Evangelho que relata a entrada triunfal de Jesus na cidade de Jerusalém. Depois desta breve celebração, seguiu-se a procissão solene até à Sé de Santarém e a Missa.
Na Catedral, D. José Traquina na homilia proferiu as seguintes palavras:
Irmãos e irmãs
Esta celebração do Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, introduz-nos na Semana maior, a Semana santa. Ressalta nesta liturgia o Evangelho antes da procissão dos Ramos e a narração da Paixão.
O Rei David, mil anos antes de Jesus, entrara em Jerusalém, aclamado pelas suas vitórias militares. Jesus entra aclamado pelos discípulos, por pessoas pobres, por crianças: eram esses a sua vitória. Entra para celebrar a festa da Páscoa. Porém, a Páscoa da nova e eterna aliança.
Depois do júbilo da entrada em Jerusalém, a narração da paixão deixa-nos em sintonia, em união espiritual com Cristo Pascal, não só hojemas especialmente nestes dias que se seguem.
A narração da Paixão envolve-nos, atualiza para nós a entrega de Cristo: a sua fidelidade à vontade do Pai e a fragilidade dos seus discípulos; apreparação da Páscoa e a obstinação de Judas; a ceia e a saída para o Monte das Oliveiras e Getsémani; a oração de Jesus em grande prostração e o sono dos discípulos; a prisão de Jesus e a sua presença junto de Caifás; os discípulos que se afastaram e Pedro que ficou a alguma distância; a decisão de Caifás em promover a morte de Jesus, Pedro que chora amargamente e Judas que se sente tocado peloremorso; os que clamam pela condenação de Jesus e Pilatos que a confirma, lavando as mãos para tentar lavar a consciência; os maus tratos a Jesus e o caminho para o Calvário; a crucifixão de Jesus, o letreiro que escreveram por cima das sua cabeça e a troça dos escribas e anciãos. Jesus, entregando-se nas mãos do Pai, morre na cruz.
Saibamos reconhecer as infidelidades, os maus exemplos dos contemporâneos de Jesus e também os do nosso tempo; devem servir de referência do que é injusto e, portanto, não se devem repetir, não correspondem à vontade de Deus.
Jesus, entregando-se, tornara-se próximo de todos. Havia de suscitar a sua presença no coração daqueles que creem na sua Palavra e conceder a graça do Amor que transforma a vida.
A missão libertadora e reconciliadora de Jesus tem efeitos naqueles que antes faleceram. Por isso afirmamos que, ao ser sepultado, “desceu àmorada dos mortos”.
É curioso como São Mateus descreve os sinais que se seguem à morte de Jesus: “o véu do templo rasgou-se em duas partes, a terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos de santos que tinham morrido ressuscitaram.”. São sinais de ressurreição!
Sepultado Jesus, o evangelista descreve duas presenças distintas junto ao sepulcro: os guardas,para assegurarem que ninguém roubará o corpo, e as mulheres que ficaram sentadas em frente do sepulcro. As mulheres estavam ali porque continuavam a confiar em Jesus, estavam certas que Ele era a presença de Deus, estavam certas de que a vida de Jesus nos seus corações não cabiaencerrada naquele sepulcro.
Esta celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor introduz-nos na semana Santa, mas deve ter a marca da alegria e da luz Fé. A decoração dos ramos deve corresponder a isso mesmo. Nós aclamamos que Jesus é o enviado do Pai ou, como confessou o centurião: “Era verdadeiramente o Filho de Deus”. Por isso, alegremo-nos no Senhor e acolhamos com esperança a vida nova da sua Páscoa.
+ José Traquina