Documento preparatório da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que vai decorrer em outubro de 2023 foi apresentado
A Santa Sé publicou, esta terça-feira, o documento preparatório do Sínodo dos Bispos onde indica os princípios da “sinodalidade como forma, como estilo e como estrutura da Igreja”.
O documento «Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão» aponta para uma vivência de um “processo eclesial participativo e inclusivo, que ofereça a cada um – de maneira particular àqueles que, por vários motivos, se encontram à margem – a oportunidade de se expressar e de ser ouvido, a fim de contribuir para a construção do Povo de Deus”.
O caminho tem início nos dias 9-10 de outubro de 2021, em Roma, e a 17 de outubro seguinte, em cada uma das Igrejas particulares.
“Uma etapa fundamental será a celebração da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2023, a que se seguirá a fase de execução, que envolverá novamente as Igrejas particulares”, lê-se no documento.
O documento preparatório pede também que se examine a forma “como são vividos na Igreja a responsabilidade e o poder, e as estruturas mediante as quais são geridos, destacando e procurando converter preconceitos e práticas distorcidas que não estão enraizadas no Evangelho”
Ao nível das linhas orientadoras, solicita-se também que a comunidade cristã seja credenciada “como sujeito credível e parceiro fiável em percursos de diálogo social, cura, reconciliação, inclusão e participação, reconstrução da democracia, promoção da fraternidade e da amizade social”.
Os tópicos escritos são um serviço ao caminho sinodal, “de modo especial como instrumento para favorecer a primeira fase de escuta e consulta” nas Igrejas particulares (outubro de 2021 – abril de 2022), na esperança “de contribuir para colocar em movimento as ideias, as energias e a criatividade de todos aqueles que participarem no itinerário, e facilitar a partilha dos frutos do seu compromisso”.
Uma “tragédia global” como a pandemia de Covid-19 despertou, por algum tempo, a consciência de “uma comunidade mundial que viaja no mesmo barco, onde o mal de um prejudica a todos”.
Esta situação que, “não obstante as grandes diferenças”, irmana toda a família humana, “desafia a capacidade da Igreja de acompanhar as pessoas e as comunidades a reler experiências de luto e sofrimento, que desmascararam muitas falsas certezas, e a cultivar a esperança e a fé na bondade do Criador e da sua criação”.
“No entanto, não podemos negar que a própria Igreja deve enfrentar a falta de fé e a corrupção, inclusive no seu interior”, lê-se no documento.
Em relação ao papel da religião no espaço público, o documento refere que “predomina uma mentalidade secularizada” e também um “fundamentalismo religioso que não respeita as liberdades dos outros, alimentando formas de intolerância e de violência que se refletem também na comunidade cristã e nas suas relações com a sociedade”.
“Não raramente, os cristãos adotam as mesmas atitudes, fomentando inclusive divisões e contraposições, até na Igreja”, acrescenta.
Para ajudar a fazer “emergir as experiências” e a contribuir de maneira “mais rica” para a consulta o documento indicam-se “dez núcleos temáticos” que abordam diferentes aspetos da “sinodalidade vivida”.